15 Novembro 2013

Os quatro dias do 14º Campo de Trabalho da Amnistia Portugal envolveram mais de 60 jovens em Albufeira, na semana passada, numa mostra de forte ativismo nos direitos humanos.

Este campo é uma iniciativa anual da Amnistia Internacional Portugal, destinada a jovens entre os 15 e 18 anos, que visa promover o debate de ideias e a consciencialização dos problemas e dilemas que se colocam face às violações das liberdades fundamentais, assim como das formas de ação da sociedade civil.

 

Primeiro dia:

A sessão de abertura do 14º Campo de Trabalho contou com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Albufeira, Carlos Silva e Sousa, o qual expressou a sua satisfação pelo interesse mostrado pelos jovens participantes pelas questões de direitos humanos. Carlos Silva e Sousa sublinhou a importância da participação ativa na vida política, numa inflexão do atual afastamento dos cidadãos e salientou o prazer com que o município recebia esta iniciativa da Amnistia Internacional Portugal.

Os trabalhos arrancaram com uma sessão de trabalho sobre a Amnistia Internacional, sendo apresentada aos jovens a história dos 52 anos em que a organização se tem empenhado em trazer uma mudança ao mundo: foram, depois, realizados trabalhos práticos com a recolha de notícias em jornais para que os participantes identificassem violações de direitos humanos e descrevessem a forma como a Amnistia Internacional atuaria.

Este trabalho serviu ainda de mote para um debate onde se destacaram os temas da mutilação genital feminina e o facto das diferentes culturas e práticas interferirem no uso pleno de todos os direitos humanos.

 

Segundo dia:

Dedicada à liberdade de expressão, esta sessão de trabalho foi lançada com uma discussão sobre os limites da liberdade, na qual os jovens participantes debateram um vídeo realizado no âmbito do projeto Free2Choose sobre um artista que hip hop, cujas canções contêm letras de teor homofóbico.

O objetivo foi o de trazer a debate o facto de que, por vezes, liberdade e direitos podem colidir uns com os outros e a necessidade de proteger a democracia. Com aquele filme os jovens foram desafiados a pensar de forma crítica e a tomar posições, construindo a sua argumentação.

Com esta sessão foi igualmente transmitido o princípio essencial de que todos podem contribuir para o debate, usufruindo do seu direito à liberdade de expressão: cada jovem recebeu um cartão que valia um minuto de participação na discussão, promovendo assim a participação de todos.

Os trabalhos deste dia prosseguiram com a apresentação da campanha da Amnistia Internacional sobre a violação de direitos humanos na Rússia – que, aliás, constitui o tema da ação de rua planeada para o dia seguinte. Estiveram então em debate as restrições às liberdades de expressão, de reunião, de associação, religiosa, etc., assim como a forma sistemática como têm vindo a ser reprimidas desde que Vladimir Putin chegou ao poder em 1999, e um especial enfoque nos últimos meses, desde que tomou posse do seu terceiro mandato presidencial.

A isto seguiu-se a apresentação da Maratona de Cartas, uma das maiores iniciativas anuais da Amnistia Internacional, a qual envolve ativistas do mundo inteiro para exercerem pressão sobre as autoridades e governos na defesa de casos específicos de violação de direitos humanos. Após lhes terem sido apresentados estes casos, os jovens desenvolveram trabalhos práticos em pequenos grupos sobre cada um, tendo posteriormente feito a apresentação dos mesmos a todos os participantes do campo. Foi uma vez mais revelada grande dinâmica de trabalho, com apresentações de vox pop, teatro de fantoches, programa de notícias, teatro, música, mímica, flash mob e dança.

 

Terceiro dia:

A ação de rua, que incluiu a abordagem de pessoas para aderirem à Amnistia Internacional e assinarem a petição em defesa dos direitos humanos na Rússia, ocorreu no Mercado dos Caliços, em Albufeira.

Ali, os jovens fizeram também a flash mob, que retratava a repressão das várias liberdades fundamentais na Rússia. E obtiveram a participação de 43 pessoas na assinatura da petição.

Seguiram-se três workshops sobre Igualdade e a Não Discriminação, abrangendo questões de tolerância e diálogo intercultural, da discriminação feita com base na orientação sexual – que contou com um muito animado debate seguindo-se ao esclarecimento de conceitos –, e da identidade de género. Neste último tema foram prestadas informações estatísticas sobre as mulheres em Portugal e feita uma reflexão sobre esses mesmos dados, os fatores na origem da discriminação e as possíveis soluções para a colmatar, com o propósito de promover a consciencialização para as diferenças existentes nos papéis desempenhados por homens e mulheres na sociedade.

 

Quarto dia:

O grande tema em debate foi o ativismo na Amnistia Internacional, com a especificidade do que é feito pelos grupos de estudantes e todo o trabalho que pode ser desenvolvido nas escolas para promover os direitos humanos.

Aqui foram especialmente relevantes as participações dos grupos de estudantes de Albufeira, Fátima, Peniche, Coimbra, Sintra, Ermesinde, e da Rede de Ação Jovem, os quais apresentaram ao campo de trabalho vários exemplos das ações que levam a cabo.

 

 

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