19 Dezembro 2013

A Amnistia Internacional expressa profunda preocupação com as possíveis violações de direitos humanos documentadas num vídeo em que um grupo de migrantes, refugiados e candidatos a asilo são instruídos no centro de receção de imigrantes de Lampedusa e despirem-se em público e submetidos a um jato desinfetante, reportadamente com uma substância para prevenir a sarna.

As imagens, que estão a causar uma indignação generalizada – desde o primeiro-ministro de Itália, Enrico Letta, ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados – terão sido filmadas por um refugiado sírio no campo e acabaram por ser transmitidas esta segunda-feira no programa Tg2, do canal italiano RAI2. Para a Amnistia a decisão de divulgação destas imagens, a confirmarem-se, foi correta, pois terão documentado provas de um tratamento degradante a que foram sujeitos aqueles migrantes em Lampedusa.

A Amnistia Internacional considera fundamental que sejam dadas clarificações urgentes por parte do Ministério do Interior italiano sobre as circunstâncias do tratamento documentado naquelas imagens. E ainda que a União Europeia aprove a muito breve prazo políticas que tenham no seu cerne o respeito, a proteção e a promoção dos direitos dos refugiados, candidatos a asilo e migrantes – sobretudo em vésperas de uma cimeira europeia em que se espera justamente que um dos temas principais seja a imigração para a Europa.

O centro de Lampedusa presta o primeiro acolhimento às pessoas que chegam à ilha, uma das principais portas de entrada de migrantes em Itália, onde, só este ano, já chegaram mais de 37 mil migrantes, três vezes mais do que em 2012. Apesar de ter uma capacidade máxima de 250 pessoas, o campo tem operado sempre muito acima desses números: atualmente estão ali registadas cerca de 1250 pessoas.

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