16 Setembro 2019

A Amnistia Internacional Portugal juntou-se ao movimento global que atribuiu, esta segunda-feira, o prémio Embaixador de Consciência da Amnistia Internacional 2019 a Greta Thunberg e às Fridays For Future, como reconhecimento do trabalho dos jovens na liderança contra as alterações climáticas. Para assinalar a ocasião no nosso país, o diretor-executivo, Pedro A. Neto, entregou a distinção aos representantes do movimento em Portugal, a Greve Climática Estudantil.

“O papel que têm desempenhado inspira-nos e lembra-nos que o ativismo diz respeito ao quotidiano, desde as escolhas que fazemos enquanto consumidores, às exigências que fazemos aos nossos governos”

Pedro A. Neto, diretor-executivo da Amnistia Internacional Portugal

“O exemplo de perseverança de Greta Thunberg é uma aula ao mundo. Os milhões de jovens que, por toda a parte e sem esquecer as suas responsabilidades quotidianas, lideram com ela os movimentos pelo clima são um exemplo a seguir por todos nós. O papel que têm desempenhado inspira-nos e lembra-nos que o ativismo diz respeito ao quotidiano, desde as escolhas que fazemos enquanto consumidores, às exigências que fazemos aos nossos governos”, explica Pedro A. Neto.

O prémio foi recebido pelos jovens Gonçalo Paulo e Inês Tecedeiro, que agradeceram “a confiança depositada” pela Amnistia Internacional. Apesar de estarem confiantes no trabalho que lideram, admitem que “ainda existe um grande caminho para percorrer”.

“A crise climática é um dos maiores desafios de direitos humanos dos nossos dias, afetando, desproporcionalmente, quem já se encontra em situação de desigualdade. Com a força destes jovens e dos mais de sete milhões de membros e apoiantes da Amnistia Internacional, queremos que esta questão esteja no topo da agenda política, empresarial e da própria sociedade civil. Só nós podemos mudar o rumo dos acontecimentos e é dessa transição económica e energética que dependerá o futuro da nossa humanidade. É essencial unir governos, corporações e organizações parceiras nesta missão”, nota o diretor-executivo da Amnistia Internacional Portugal.

O prémio Embaixador de Consciência da Amnistia Internacional foi criado em 2002 para celebrar pessoas e grupos que promovem os direitos humanos, ao agir em consciência contra a injustiça, ao mesmo tempo que usam as suas competências para inspirar os outros. Entre os vencedores estão nomes como Nelson Mandela, Malala Yousafzai, Harry Belafonte, Ai Weiwei, os Grupos da Juventude da África Ocidental e Central, Angélique Kidjo, o movimento dos direitos indígenas no Canadá, Alicia Keys e Colin Kaepernick.

“Só nós podemos mudar o rumo dos acontecimentos e é dessa transição económica e energética que dependerá o futuro da nossa humanidade. É essencial unir governos, corporações e organizações parceiras”

Pedro A. Neto, diretor-executivo da Amnistia Internacional Portugal

Pedro A. Neto lembra que “a crise climática coloca em causa direitos essenciais, como a vida, saúde ou habitação, o que pode levar ao deslocamento de milhões de pessoas, nos próximos anos”. Sobre a questão energética, nota que o “abandono dos combustíveis fósseis deve ser acompanhado pela introdução de energias limpas e 100 por cento éticas, uma vez que a Amnistia Internacional tem documentado o uso de mão-de-obra infantil e explorada na extração de componentes utilizados, por exemplo, em baterias de veículos elétricos”. O diretor-executivo da Amnistia Internacional Portugal alerta ainda para “a necessidade da economia – através de políticas públicas nacionais e transnacionais – garantir a transição dos postos de trabalho ligados às indústrias poluentes para novas indústrias limpas, sustentáveis e, uma vez mais, 100 por cento éticas e respeitadoras de direitos humanos”.

Setembro pelo clima

Para enfrentar a crise climática, a liberdade de expressão e associação ou o acesso à educação e informação são também essenciais. Por isso, a Amnistia Internacional vai coorganizar a People’s Summit on Climate, Rights and Human Survival, que decorre nos dias 18 e 19 de setembro, em Nova Iorque.

O evento resulta da cooperação entre sociedade civil e o escritório da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, com o objetivo de criar uma nova era de ativismo climático que busca soluções baseadas nos direitos humanos. No total, vão estar reunidos mais de 100 representantes de organizações não-governamentais, comunidades indígenas, académicos, entre outros.

À Amnistia Internacional e ao escritório da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos juntam-se a Greenpeace Internacional, o Center for International Environmental Law, o Wallace Global Fund e o Center for Human Rights and Global Justice da Universidade de Nova Iorque. Esta conferência mundial antecede a Cimeira do Clima das Nações Unidas, agendada para o dia 23 de setembro, em Nova Iorque.

Em Portugal, a Amnistia Internacional vai organizar diversas atividades para assinalar a Semana de Ação pelo Clima, entre 20 e 27 de setembro. Neste último dia, a organização vai participar na Greve Global pelo Clima, em Lisboa.

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