12 Fevereiro 2010

Tan Zuoren é um ambientalista, escritor e activista pelos direitos humanos, condenado a 5 anos de prisão por ter tentado divulgar uma lista de crianças mortas sob os escombros das suas escolas durante o terramoto de 12 de Maio de 2008 em Sichuan, na China.

O tremor de terra de Sichuan fez dezenas de milhares de vítimas, muitas delas crianças.

Numa primeira reacção, o Governo Chinês, então sob escrutínio internacional devido à proximidade dos Jogos Olímpicos de Pequim, prestou auxílio às vítimas e abriu o território aos jornalistas, nacionais e estrangeiros. Mas logo que começaram a surgir relatos comprometedores sobre a má construção das escolas, o desvio de fundos e de materiais de auxílio pelos funcionários estatais locais e quando os pais das crianças mortas começaram a questionar a qualidade das construções escolares, algumas das quais ruíram enquanto os edifícios circundantes se mantinham de pé, passou a haver um controlo dos media e uma perseguição a todos os que apontavam a corrupção na construção das escolas como causa da morte das crianças.

Entre eles encontravam-se os pais que queriam processar os responsáveis locais, os advogados que se ofereceram para os representar e os voluntários que pretendiam realizar e divulgar inquéritos independentes.

Tan Zuoren foi dos primeiros a ajudar a população afectada, juntando-se a um grupo de voluntários que distribuiu alimentos e roupa às vítimas. Perante as acusações dos pais de que a má construção das escolas, devido à corrupção, tinha sido a causa da morte dos seus filhos, Tan Zuoren trabalhou com vários académicos para investigar as causas das mortes e para melhorar os padrões de construção de modo a evitar futuras ocorrências do mesmo tipo. Elaborou uma lista das crianças mortas no terramoto, bem como um relatório sobre as causas do colapso das escolas devido à corrupção.

Foi alvo de várias intimidações: a polícia interrogou-o várias vezes, indivíduos não identificados assaltaram-no e roubaram-lhe o computador por duas vezes e apunhalaram o seu cão. Como não desistiu, foi detido em 28 de Março de 2009, julgado em 12 de Agosto e condenado a cinco anos de prisão em 9 de Fevereiro de 2010.

O julgamento decorreu à porta fechada e as testemunhas de defesa, tais com Ai Weiwei, um dos desenhadores do “Ninho de Pássaro”, Estádio Olímpico de Pequim, foram impedidas de comparecer em tribunal, tendo Weiwei sido brutalmente espancado. Foi condenado por “incitamento à subversão do poder do estado”, com base num artigo que escrevera em 2007 sobre a repressão na Praça de Tiananmen. O outro elemento da acusação – investigação às circunstâncias da morte das crianças de Sichuan, que terá sido o verdadeiro motivo da sua condenação – não foi mencionado na sentença, para evitar reacções de apoio popular.

Tan Zuoren é um prisioneiro de consciência e, como tal, convidamo-lo a assinar o apelo disponível aqui.

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