14 Janeiro 2015

Um ataque de artilharia contra um autocarro, no qual morreram dez civis e 18 outros ficaram feridos, no Leste da Ucrânia, tem de ser investigado urgentemente, podendo configurar uma violação da lei internacional humanitária, insta a Amnistia Internacional.

Os indícios recolhidos indicam que terá sido usado um sistema de artilharia de rockets não-guiado Grad, mas não é ainda claro de onde é que os morteiros foram disparados. As armas atingiram um autocarro de transporte de civis que passava na altura por um posto de controlo militar controlado pelas forças pró-Kiev na cidade de Volnovakha.

“É imperativo saber-se a verdade sobre este trágico incidente. Tem de ser investigado meticulosamente, de forma imparcial e independente, como uma possível violação das leis da guerra”, defende o vice-diretor do Programa Europa e Ásia Central da Amnistia Internacional, Denis Krivochiv.

O perito avança ainda que “os responsáveis por este incidente ou falharam na tomada de medidas necessárias para proteger civis, como é exigido pela lei internacional humanitária, ou este foi um ato deliberado, o que constitui um crime de guerra”.

Fotografias partilhadas nas redes sociais após o ataque mostram o autocarro com as janelas totalmente destruídas e um dos lados da carroçaria com danos provocados pelos estilhaços da explosão. São visíveis também marcas de sangue na neve em redor do veículo.

Pouco após o ataque ao autocarro, alguns sites ligados ao movimento separatista do Leste ucraniano davam conta que o posto de controlo em Volnovakha tinha sido destruído. Mas um representante de topo da autodesignada República Popular de Donetsk – a autoridade de facto naquela região – veio mais tarde afirmar que os disparos da sua artilharia não tinham alcançado o posto de controlo.

Apesar do cessar-fogo acordado em setembro de 2014, que existe apenas a título nominativo, morreram já mais de 1.400 pessoas desde aquela data no Leste da Ucrânia, com as duas partes envolvidas no conflito – as forças pró-Kiev e os movimentos separatistas – a enredarem-se cada vez mais intensamente em operações militares de retaliação de umas contra as outras. Desde o eclodir do conflito no ano passado, o balanço de vítimas mortais na Ucrânia ascende a quase 5.000.

 

 

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