17 Novembro 2014

As autoridades chinesas estão a intensificar a repressão contra os ativistas no país que expressam pacificamente o seu apoio aos protestos no território de Hong Kong, sustenta a Amnistia Internacional, na esteira das informações que indicam que uma pessoa foi acusada por “incitamento à insurreição”.

Wang Mo, oriundo da cidade de Guangzhou, no Sul da China, foi detido esta segunda-feira, 17 de novembro, reportou o advogado do ativista, estando em risco uma pena de mais de cinco anos de prisão caso seja condenado.

Líder do Movimento Rua do Sul, Wang Mo tem mantido uma campanha muito ativa na Internet e foi fotografado recentemente, junto com outros três ativistas, com um cartaz de apoio às manifestações pró-democracia em Hong Kong.

“Qualquer forma de repressão sobre ativistas por expressarem pacificamente solidariedade com os manifestantes de Hong Kong é vergonhosa, mas esta grave acusação criminal de incitamento à insurreição que foi feita contra Wang Mo é mesmo um desenvolvimento extremamente alarmante”, avalia o investigador da Amnistia Internacional especialista em China, William Nee.

O perito alerta para “o receio de que isto marque o início de uma vaga de acusações similares contra numerosos ativistas na China que apoiam os protestos no território de Hong Kong”.

Mais de cem ativistas foram detidos na China continental desde o início das manifestações em Hong Kong, a 26 de setembro de 2014. Crê-se que pelo menos 33 deles permaneçam em detenção. A maioria, como Wang Mo, foram inicialmente detidos por suspeitas de ofensas menos graves, como “distúrbios e desordem pública”.

Dois dos três ativistas que aparecem na fotografia com Wang Mo – Xie Wenfei e Sun Tao – continuam detidos, e o terceiro – Sun Liyong – foi libertado no início de novembro.

Muitas pessoas foram detidas pelas autoridades na China continental por terem partilhado nas redes sociais fotografias com mensagens de apoio, por raparem as cabeças num gesto de solidariedade ou por planearem deslocar-se a Hong Kong para participar nas manifestações. Muitos outros foram chamados a interrogatório pela polícia, o que é designado sob o eufemismo de “convite para tomar chá”.

Os agentes de censura chineses têm tentado banir as fotografias e bloquear quaisquer referências e comentários positivos em relação aos protestos pró-democracia que eclodem por toda a Internet. Nas televisões e nos jornais é apenas permitido divulgar notícias e opiniões aprovadas pelo Governo. O site de notícias da BBC e a plataforma de partilha de fotografias Instagram estão banidos desde outubro passado.

 

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