21 Abril 2015

 

A morte de mais de mil refugiados e migrantes apenas na última semana no Mediterrâneo mobilizou a Comissão Europeia e os ministros dos Negócios Estrangeiros e do Interior europeus a finalmente reconhecerem a necessidade imperiosa de resolver o falhanço coletivo da Europa nos esforços das operações de busca e salvamento no mar, sustenta a Amnistia Internacional em reação ao anúncio feito em Bruxelas numa reunião de urgência.

Apesar desta chamada de emergência – e consequente convocação para uma cimeira dos chefes de Governo europeus já para quinta-feira, 23 de abril – constituir em si mesma uma mudança positiva em relação à anterior política de negação e retórica vã que vinha da Europa, a organização de direitos humanos alerta desde já que os problemas residirão nos detalhes daquilo que os Estados-membros da UE acordarão fazer doravante.

O alcance total da área de operações de busca e salvamento, os recursos e meios a elas alocados assim como o prazo no qual isso será feito serão cruciais para determinar se as vidas das pessoas que estão a fazer a perigosa travessia vão ser salvas.

“A cimeira de emergência de quinta-feira constituirá o teste decisivo do compromisso da Europa em salvar vidas no Mediterrâneo. As palavras têm agora de se transformar em ações concretas, especificamente na forma de uma operação europeia multinacional e robusta de busca e resgate”, insta a diretora interina do Gabinete de Instituições Europeias da Amnistia Internacional, Iverna McGowan.

O diretor do programa Europa e Ásia Central da Amnistia Internacional, John Dalhuisen frisa, por seu lado, que “finalmente, um sentimento de emergência mobilizou os governos europeus e as instituições europeias a agirem – pelo menos no papel”. “Não podem continuar mais apenas com retórica. Cabe à Europa honrar desde já os seus compromissos e dar marcha a uma missão abrangente de busca e salvamento, com uma frota de resgate capaz, e apoiada por operações aéreas quando e onde estas forem necessárias. Isto, e apenas isto, diminuirá o número de mortos no mar”, alerta o perito da organização de direitos humanos.

A Amnistia Internacional lança já esta quarta-feira, 22 de abril, véspera da cimeira de emergência em Bruxelas, o novo relatório “Europe’s sinking shame: The failure do save refugees and migrants at sea” (A vergonha profunda da Europa: falhanço em salvar refugiados e migrantes no mar). Este documento analisa e avalia as operações de busca e salvamento europeias Mare Nostrum e Tritão, e o seu impacto no resgate de vidas no mar Mediterrâneo, e apresenta testemunhos de sobreviventes de naufrágios que ocorreram nos primeiros três meses de 2015 na perigosa travessia.

 

A Amnistia Internacional tem em curso desde 20 de março de 2014 a campanha “SOS Europa, as pessoas acima das fronteiras“, iniciativa de pressão a nível global para que a UE mude as políticas de migração e asilo, no sentido de minorar os riscos de vida que migrantes, refugiados e candidatos a asilo correm para chegarem à Europa, e garantir que estas pessoas sejam tratadas com dignidade à chegada às fronteiras europeias. Aja connosco! Inste os líderes europeus a porem as pessoas acima das fronteiras, assine a petição.

 

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