2 Junho 2011

 

 

Após ter sido declarada a lei marcial no quinto dia de protestos, a Amnistia Internacional incita as autoridades chinesas a evitar a repressão violenta das manifestações na região da Mongólia Interior.
 
“As autoridades chinesas devem respeitar a liberdade de expressão e reunião dos manifestantes. Tendo em conta a forte repressão em protestos semelhantes noutras regiões, como Xinjiang e Tibete, existem fortes motivos de preocupação sobre a situação da Mongólia Interior,” afirmou Catherine Baber, Subdirectora da Amnistia Internacional para a região da Ásia-Pacífico.
 
Numa rara atitude de desafio, centenas de pessoas de etnia Mongol, da Região Autónoma da Mongólia Interior (IMAR), marcharam até um edifício do governo local na região de Shuluun Hub Banner, no dia 27 de Maio, apelando às autoridades chinesas para que respeitem os seus direitos e o modo de vida tradicional dos pastores mongóis, incluindo o acesso a pastagens.
 
Relatórios indicam que os protestos diários levados a cabo desde 23 de Maio têm sido na sua maioria pacíficos. Contudo, há relatos de que pelo menos 18 pessoas foram feridas, algumas gravemente, em confrontos com a polícia na Faixa Direita de Ujumchin, nos dias 23 e 26 de Maio.
 
“No centro destes protestos encontram-se apelos já antigos pelo respeito dos direitos humanos e pela protecção da cultura Mongol. Ao longo dos anos, as autoridades chinesas detiveram regularmente activistas e escritores que fizeram este tipo de apelos, condenando alguns a longas penas de prisão. Os protestos são uma chamada de atenção às autoridades. Como em outras áreas com minorias, as autoridades devem começar a entender a mensagem ao invés de atacar os mensageiros,” afirmou Catherine Baber.
 
“As autoridades chinesas devem assegurar os direitos da etnia Mongol à liberdade de expressão e reunião, e devem evitar o uso desnecessário ou excessivo da força por partes da polícia durante estes protestos,” acrescentou Catherine.
 
A semana de protestos, que no dia 27 de Maio levou 2000 estudantes mongóis às ruas na cidade Shiliinhot da IMAR, foi inicialmente marcada pela morte de um pastor de etnia Mongol, Mergen (que à semelhança de muitos mongóis usa apenas um nome), que foi atropelado por um camião de carvão conduzido por um homem de etnia Han, o grupo étnico dominante na China. As autoridades chinesas detiveram e condenaram o condutor e o co-piloto do camião.
 
Entre os seis milhões de etnia Mongól da China, muitos receiam que o seu estilo de vida tradicional seja ameaçado pelo crescimento de projectos mineiros na região rica em minerais.
 
Foram divulgados online apelos para mais protestos da etnia Mongol. Contudo, relatórios dos media locais sugerem que as autoridades chinesas intensificaram a censura online depois das manifestações, com relatos que apontam para um aumento da limitação do acesso às plataformas das redes sociais na região.
 
No passado foram feitos apelos semelhantes pelo respeito dos direitos e cultura da etnia Mongol, que obtiveram uma resposta pesada por parte das autoridades chinesas. Hada, um activista Mongol dos direitos humanos e co-fundador da Aliança Democrática do Sul da Mongólia, foi condenado a 15 anos de prisão em 1995, acusado de “espionagem” e “separatismo”.
 
Hada deveria ter sido libertado em Dezembro de 2010, mas continua detido. Enquanto Hada cumpria a sua sentença, a sua mulher e o seu filho têm estado sob vigilância e foram frequentemente alvo de ameaças por parte das autoridades. Foram ambos detidos na véspera da data da sua libertação e condenados por “negócios ilegais” e “posse de droga”, respectivamente.

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