21 Junho 2011

Após a detenção de um antigo chefe militar na cidade da Guatemala, a Amnistia Internacional afirmou que as autoridades da Guatemala devem assegurar que todos os responsáveis por atrocidades durante o conflito armado interno no país são identificados e levados à justiça. 
 
No dia 20 de Junho, teve início uma investigação sobre o militar reformado, Héctor Mario López Fuentes, de 81 anos, detido no dia 17 do mesmo mês. Fuentes é acusado de genocídio e crimes contra a humanidade pelo seu papel nos massacres das comunidades indígenas há trinta anos.  
 
“A detenção de Héctor Mario López Fuentes é um enorme passo em direcção à justiça para centenas de milhar de vítimas de abusos graves dos direitos humanos durante a guerra civil na Guatemala,” afirmou Sebastian Elgueta, Investigador da Amnistia Internacional para a América Central.
 
“Mas a maioria das pessoas que planearam e realizaram os piores abusos ainda se encontram em liberdade e devem ser levados à justiça”.
Fuentes é acusado de ser o mentor de 12 massacres que tiveram lugar de 1982 a 1983. Na altura, Fuentes era Chefe de Estado Maior do Exército da Guatemala, a terceira mais alta patente do país. 
 
Sob o seu comando, as forças de segurança da Guatemala mataram pelo menos 317 indígenas Maia no chamado Triângulo Ixil, na região de Quiché, nas terras altas do ocidente do país. 
 
Uma Comissão das Nações Unidas para descobrir a verdade apurou que, durante os 36 anos de conflito armado na Guatemala, cerca de 200 mil pessoas foram mortas ou desapareceram e as forças de segurança cometeram 440 massacres de comunidades indígenas. 
 
A comissão descobriu especificamente que as operações militares contra a rebelião no Triângulo de Ixil equivaleram a actos de genocídio, com 32 massacres que tiveram como alvo a população de indígenas Maia, do Triângulo de Ixil. Quinze destes massacres aconteceram em 1982, durante o governo do General José Efraín Ríos Montt. 
 
Um processo criminal de 2001 contra o antigo General Ríos Montt, que actualmente é membro do Congresso, está parado há muito tempo no sistema judicial da Guatemala devido à obstrução do Ministro da Defesa. Em 2007, o Tribunal Constitucional da Guatemala não concedeu um pedido de um juiz espanhol para a extradição e julgamento de Ríos Montt em Espanha,  acusado de genocídio, tortura e homicídio. 
 
Foram detidos outros antigos militares e agentes da polícia nos últimos meses, pelo seu alegado papel em abusos dos direitos humanos durante o conflito armado. Isto inclui as detenções no passado mês do Coronel Héctor Bol de la Cruz e Jorge Humberto Gómez López, ambos antigos chefes da força policial nacional em 1984, quando a polícia fez desaparecer, Edgar Fernando García, conhecido líder sindical. 
 
Um oficial do exército e um soldado que participaram no massacre de Dezembro de 1982, na aldeia de Dos Erres, na região Petén, no norte da Guatemala, foram também detidos no início deste ano. Antes de arrasar a aldeia, as forças de segurança do país torturaram e mataram 250 homens, mulheres e crianças em Dos Erres. 
 
“Para que seja feita justiça às vítimas e familiares das violações dos direitos humanos, é imperativo que não apenas os soldados de infantaria mas também os mentores dos massacres, torturas e desaparecimentos que aterrorizaram a Guatemala há décadas atrás, sejam levados à justiça. As vítimas e os seus familiares passaram as últimas décadas a exigir justiça e indemnizações pelos crimes contra a humanidade que sofreram,” afirmou Sebastian Elgueta.

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