8 Junho 2018

EM RESUMO

  • Amnistia Internacional insta a uma rápida tomada de ação para proteger os aldeões dos ataques mortais
  • Pelo menos 37 pessoas foram mortas nas últimas duas semanas

 


 

As autoridades moçambicanas têm de tomar medidas imediatas para pôr fim à vaga de chacinas na província de Cabo Delgado, em que pelo menos 37 pessoas foram já mortas brutalmente nas últimas duas semanas por um grupo conhecido como “Al-Shabab”, sustentou a Amnistia Internacional esta quinta-feira, 7 de junho. A organização nota que cada vez mais pessoas estão em fuga das suas casas com medo deste grupo, a que não se conhecem ligações com o grupo armado da Somália com o mesmo nome.

O ataque mais recente ocorreu na noite anterior, na povoação de Namaculo, distrito de Quissanga. Testemunhas ouvidas pela Amnistia Internacional contaram que cerca de dez pessoas foram golpeadas até à morte e um número não especificado de casas incendiadas, quando os atacantes invadiram a aldeia durante a madrugada. Namaculo está agora vazia, uma vez que os seus habitantes fugiram das suas casas em busca de segurança. Foi reportado que uma outra aldeia, Naunde, no Sul do distrito de Macomia, atacada a 5 de junho, também se encontra deserta (na foto: aldeões dos distritos de Macomia e de Quissanga em fuga após os ataques).

“Pelo menos dez pessoas foram mortas à catanada no mais recente e terrível ataque em Cabo Delgado, onde a escalada de violência deixou os civis à mercê deste brutal grupo militante e forçou muitos a fugirem das suas casas”, afirma o diretor regional da Amnistia Internacional para a África Austral, Deprose Muchena.

“A forma horrível com que estas mortes estão a ser cometidas demonstra o intento deste grupo em instalar o medo na população civil. As autoridades de Moçambique têm de agir imediata e eficazmente para pôr termo às mortes, incluindo com o reforço de medidas de segurança para proteger a vida dos aldeões na região e com investigações a todos os ataques recentes sob o propósito de julgar os suspeitos perpetradores”, prossegue este responsável da organização de direitos humanos.

Na semana passada, as forças armadas moçambicanas mataram nove suspeitos membros do “Al-Shabab” num ataque contraofensivo no distrito de Palma, onde aquele grupo tinha recentemente decapitado dez pessoas, duas das quais crianças. A Amnistia Internacional exorta as autoridades de Moçambique a assegurarem que os suspeitos autores dos ataques são responsabilizados em julgamentos justos.

Chacinas repetidas desde há quase um ano

As chacinas de civis às mãos do “Al-Shabab” em Cabo Delgado não são de agora, uma vez que em outubro passado membros do grupo aterrorizaram o distrito de Mocimboa da Praia, com ataques coordenados e simultâneos contra instituições governamentais, incluindo sedes da polícia. Dois polícias e três membros daquele grupo foram mortos.

No início de agosto passado, seis membros do mesmo grupo atacaram o edifício-sede da polícia no distrito de Mugovolas, província de Nampula, tendo morto um agente e ferido gravemente outro. A ideologia política deste grupo não é conhecida nem o mesmo fez qualquer exigência política.

  • 50 milhões

    50 milhões

    Pela primeira vez desde a II Guerra Mundial, mais de 50 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas. A maior parte devido a conflitos armados. (ACNUR, 2014)
  • 12,2 milhões

    12,2 milhões

    No final de 2014, 12,2 milhões de sírios – mais de metade da população do país – dependiam de ajuda humanitária. (UNOCHA)

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