13 Agosto 2020

As autoridades bielorrussas devem parar imediatamente de atacar jornalistas, alerta a Amnistia Internacional, numa altura em que há relatos de profissionais detidos, espancados e alvejados com balas de borracha enquanto faziam a cobertura à violenta repressão policial dos protestos dos últimos dias. Os trabalhadores de órgãos de comunicação social que estão no terreno viram ainda câmaras destruídas e gravações apagadas.

“É assustador ver até onde o governo vai para omitir estas informações, atacando repórteres com cassetetes e balas de borracha, destruindo os seus equipamentos e atirando dezenas para a prisão”

Marie Struthers, diretora regional para a Europa Oriental e Ásia Central da Amnistia Internacional

“Na Bielorrússia, os jornalistas estão a fazer um trabalho corajoso para garantir que o mundo tem conhecimento da repressão brutal das autoridades aos protestos. É assustador ver até onde o governo vai para omitir estas informações, atacando repórteres com cassetetes e balas de borracha, destruindo os seus equipamentos e atirando dezenas para a prisão”, denuncia a diretora para a Europa Oriental e Ásia Central da Amnistia Internacional, Marie Struthers.

Os repórteres visados são nacionais e internacionais. Até agora, a Associação de Jornalistas da Bielorrússia documentou a detenção de pelo menos 55.

“O governo até desativou os serviços de internet para evitar a partilha de informações. Como um número sem precedentes de pessoas continua a sair às ruas, é essencial que se proteja a liberdade de imprensa e que ninguém seja prejudicado simplesmente por fazer o seu trabalho”

Marie Struthers, diretora regional para a Europa Oriental e Ásia Central da Amnistia Internacional

Na noite de 11 de agosto, as forças de segurança em Minsk atacaram uma equipa de TV do serviço em russo da BBC, que estavam identificados e tinham acreditações oficiais. Um dos homens, que vestia um uniforme preto sem identificação, arrancou o cartão do pescoço de uma correspondente, tirou-lhe a câmara e tentou parti-la. Depois, outros espancaram um jornalista da cadeia televisiva e também desferiram várias pancadas na sua câmara. Neste caso, ninguém foi detido.

No primeiro dia dos protestos, homens em uniformes camuflados dispararam uma bala de borracha contra Natalia Lubneuskaya, repórter do Nasha Niva, ferindo-a numa perna. Este jornal é um dos poucos considerados independentes na Bielorrússia e a sua equipa foi submetida a anos de assédio por parte das autoridades.

Entre os jornalistas que também relataram ter sido atacados estão Vadzim Zamirouski, Darya Burakina e Usevalad Zarubin do TUT.by, o site de notícias mais lido no país. Syarhei Hryts, fotógrafo da Associated Press, Nadzeya Buzhan do Nasha Niva, Pavel Patapau e Ivan Murauyou da Belsat TV e os jornalistas de online Uladzislau Barysavich e Syarhei Ptushka são outros exemplos.

“Os jornalistas estão a ser atacados por denunciarem os crimes cometidos pelas autoridades bielorrussas contra o seu próprio povo, numa violação flagrante do direito à liberdade de expressão. O governo até desativou os serviços de internet para evitar a partilha de informações. Como um número sem precedentes de pessoas continua a sair às ruas, é essencial que se proteja a liberdade de imprensa e que ninguém seja prejudicado simplesmente por fazer o seu trabalho”, defende Marie Struthers.

A Amnistia Internacional apela às autoridades bielorrussas para que respeitem os meios de comunicação e libertem, imediata e incondicionalmente, os jornalistas detidos apenas por cumprirem as suas obrigações profissionais. Além disso, devem tirar da prisão todos os ativistas pacíficos detidos apenas por exercerem os seus direitos à liberdade de expressão e reunião, acabar com as represálias contra manifestantes pacíficos e investigar atos de força ilegal cometidos pela polícia.

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