6 Fevereiro 2012

O governo cubano deve modificar o sistema existente, arbitrário, de concessão de vistos que afeta todos os cidadãos e que é usado para punir a liberdade de expressão, defende a Amnistia Internacional depois de uma conhecida blogueira ter sido impedida de sair do país para assistir à estreia de um documentário no Brasil.

As autoridades cubanas negaram um visto à blogueira e ativista Yoani Sánchez pela 19ª vez em quatro anos. Tal como já tinha acontecido, não foi dada nenhuma justificação para tal decisão.

A autora do blogue ‘Generación Y’, conhecida por criticar o governo de Fidel Castro e do seu sucessor, Raúl Castro, foi convidada para discursar na estreia de um documentário, no estado de Bahia, Brasil, no dia 10 de Fevereiro. O documentário aborda os temas da liberdade de expressão no Brasil e nas Honduras. As autoridades brasileiras tinham já tratado do visto para que Yoani Sánchez pudesse entrar no país.

“A negação permanente de vistos a críticos como Yoani Sánchez só pode ser entendida como uma retaliação pela expressão das suas opiniões políticas e pelo seu ativismo”, defende Javier Zúñiga, Conselheiro Especial para a Amnistia Internacional.

“Aqueles que lutam pela liberdade de expressão, associação e de circulação devem ser autorizados a entrar e sair do país sem lhes serem impostas restrições arbitrárias e as autoridades cubanas devem acabar com as táticas usadas para reprimir a oposição pacífica”, acrescenta.

O Presidente cubano, Raúl Castro, tem ainda de levar a cabo as mudanças previstas nas políticas de migração prometidas no pacote de reformas anunciado em 2011.

No seu blog, Yoani Sánchez descreve o seu quotidiano na ilha e as restrições que os cubanos sofrem ao nível dos direitos civis e políticos. O seu ativismo pacífico é destacado no novo documentário do realizador brasileiro Dado Galvão, ‘Conexão Cuba Honduras’.

Depois da decisão das autoridades cubanas, Yoani Sánchez expressou a sua frustração na rede social ‘Twitter’.

“Sinto-me como uma refém raptada por alguém que não ouve nem dá explicações. Se isto servir para mostrar o absurdo desta política migratória na qual nós, cubanos, estamos presos então valeu a pena.”

O seu trabalho como blogueira já lhe valeu vários prémios no mundo inteiro, mas as autoridades cubanas têm impedido repetidamente que Yoani deixe o país para assistir às cerimónias de entrega dos prémios.

No dia 20 de Janeiro, a Amnistia Internacional escreveu ao Ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil, pedindo-lhe que interviesse para que fosse autorizada a saída de Yoani de Cuba.

Numa visita a Cuba no início do mês, Dilma Rousseff, presidente do Brasil, referiu que o visto de entrada no Brasil tinha sido garantido a Yoani Sánchez, apesar de não ter conseguido pressionar o governo cubano a deixá-la sair.

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