1 Outubro 2015

Os ataques do Boko Haram na Nigéria, Camarões, Chade e Níger causaram a morte já a pelo menos 1.600 pessoas apenas nos últimos quatro meses, apesar dos avanços militares conseguidos na região sobre aquele grupo armado islamita – o que faz subir o balanço de mortos para pelo menos 3.500 civis em 2015, alerta a Amnistia Internacional.

“Este número de 3.500 pessoas mortas em menos de 300 dias é verdadeiramente chocante”, frisa o diretor de Pesquisa e Políticas da Amnistia Internacional para a região de África, Netsanet Belay. “Os governos nos países afetados têm de tomar todas as medidas legais necessárias para garantir a segurança dos civis”, prossegue o perito.

O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas discutiu esta quarta-feira, 30 de setembro, o relatório apresentado pelo alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, onde são documentadas violações e abusos cometidos no contexto deste conflito. E a Amnistia Internacional reitera os apelos para que seja concretizada uma eficaz proteção dos civis dos ataques do Boko Haram.

A organização de direitos humanos insta também a que sejam feitas investigações urgentes e meticulosas às graves violações de direitos humanos que têm sido cometidas pelas forças de segurança da Nigéria.

Na sequência do relatório publicado pela Amnistia Internacional a 3 de junho passado“Stars on their shoulders. Blood on their hands: War crimes commited by the Nigerian military” (Divisas de estrelas nos ombros. Sangue nas mãos: os crimes de guerra cometidos pelo Exército da Nigéria) – o Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari,comprometeu-se a lançar investigações às provas de que o Exército do país cometeu graves violações de direitos humanos, crimes de guerra e atos que podem constituir crimes contra a humanidade. Até à data, não foi feita ainda nenhuma investigação.

“Passaram-se já quase quatro meses desde que o Presidente Buhari prometeu investigar os graves crimes previstos na lei internacional que a Amnistia Internacional expôs no relatório. E milhares de vítimas continuam à espera de justiça. O Presidente e o novo Governo nigeriano têm de agir urgentemente para investigar de forma rigorosa todos os crimes consagrados na legislação internacional cometidos tanto pelo Boko Haram como pelas forças de segurança nigerianas”, sustenta Netsanet Belay.

Também nos Camarões têm sido cometidos crimes previstos na lei internacional e violações de direitos humanostanto pelo grupo armado islamita como pelas forças militares do país, com um balanço de quase 400 civis e dezenas de soldados mortos desde janeiro de 2014. E, tal como na Nigéria, nenhuns crimes foram investigados devidamente. A Amnistia Internacional urge as autoridades dos Camarões a darem início com urgência a investigações independentes, rigorosas, imparciais e transparentes a todos os crimes ao abrigo da lei internacional cometidos por todas as partes envolvidas no conflito no país.

 

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