12 Abril 2011

A Amnistia Internacional considera que os problemas de saúde do escritor camaronês detido por ofender a mulher do presidente estão a agravar-se devido à sobrelotação da prisão onde se encontra, a uma alimentação deficitária e à falta de acesso a cuidados médicos adequados.

“A saúde de Bernard Teyou está a deteriorar-se rapidamente devido às condições inaceitáveis da prisão New Bell,” afirmou Tawanda Hondora Subdirectora do programa da Amnistia Internacional para África.

“As acusações contra ele são falsas e deve ser imediata e incondicionalmente libertado, mas à parte disto as autoridades devem dar-lhe uma alimentação adequada e acesso a cuidados médicos.”

As forças de segurança prenderam o autor Bernard Zepherin Teyou num hotel em Douala, no dia 3 de Novembro de 2010, quando ele tentava lançar um livro que escrevera sobre Chantal Biya, mulher do Presidente Paul Biya.

O livro, Belle de la République bananière: Chantal Biya, de la rue au palais, (A Beleza da República das Bananas: Chantal Biya, da rua para o palácio), é sobre o seu percurso desde as origens humildes até ser a Primeira-Dama dos Camarões.

No dia 10 de Novembro de 2010, o Supremo Tribunal Camaronês considerou Teyou culpado de “desrespeito a uma personalidade” e de reunião ilegal, apesar de ele ter informado previamente as autoridades camaronesas sobre o lançamento.

Uma vez que Teyou não conseguiu pagar a fiança no valor de 2.030.150 milhões francos CFA (aproximadamente 4.425 dólares americanos) foi condenado a dois anos na Prisão New Bell, no centro de Douala.

A 15 de Fevereiro de 2011, Teyou começou uma greve de fome em protesto contra as condições na prisão, antes da sua família o ter convencido a pôr fim a esta iniciativa devido ao seu estado de saúde frágil.

Teyou afirma que apenas tinha acesso a tratamento médico externo quando e se o pudesse pagar.

Ele sofre de graves hemorragias devido a hemorróides, uma situação que alegadamente terá piorado devido à alimentação deficitária na prisão.

“Quando a Amnistia Internacional visitou a prisão New Bell em Agosto de 2010, as condições que encontrou eram perturbadoras,” afirmou Tawanda Hondora.

“Os detidos são mantidos num ambiente sobrelotado e que coloca em risco a sua vida – alguns estão presos com grilhões – e o acesso a uma alimentação apropriada e a cuidados médicos é insuficiente.

“Os guardas prisionais estão mal treinados e mal equipados para lidar com um número tão elevado de presos, uma situação que leva a distúrbios frequentes e a tentativas de fuga, algumas das quais fatais.”

Em Agosto de 2010, a Prisão New Bell tinha mais de 2.453 detidos apesar de ter capacidade para apenas 700. Muitos dos detidos estavam em prisão preventiva e partilhavam cela com prisioneiros já condenados.

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