11 Outubro 2016

Os relatos do recomeço da chegada de ajuda humanitária aos cerca de 75 000 refugiados encurralados numa área remota e árida da fronteira entre a Jordânia e a Síria – conhecida como a “berma” – são um há muito aguardado vislumbre de esperança para estas pessoas, ao qual tem de se seguir uma solução sustentável e a longo-prazo, avalia a Amnistia Internacional.

Este sinal de esperança surge no contexto das continuadas negociações entre as autoridades jornadas e as Nações Unidas com o objetivo de abrir um canal de ajuda humanitária para os sírios que se encontram abandonados naquela região desértica desde que a Jordânia fechou as fronteiras, após um ataque armado em junho passado. Aquelas dezenas de milhares de pessoas estão a enfrentar condições infernais, sem nenhuma ajuda prestada com exceção de uma única entrega feita em agosto a partir de gruas que largaram alimentos na orla exterior dos cumes da “berma”.

“A notícia de que assistência humanitária vai ser retomada para dezenas de milhares de refugiados encurralados na ‘berma’ é um bem-vindo alívio. Mas preocupa-nos que a ajuda seja de novo lançada através da fronteira com gruas ou que os refugiados sejam coagidos, direta ou indiretamente, a deslocarem-se para áreas onde fiquem em risco de ataques para conseguirem receber essa ajuda. O acesso sem restrições da ajuda humanitária e uma resposta humanitária multissetorial e em linha com os padrões internacionais é o que é urgentemente necessário”, exorta a diretora da Amnistia Internacional para os Assuntos Globais e Investigação, Audrey Gaughran.

A perita frisa que “dezenas de milhares de refugiados fugiram do derramamento de sangue na Síria apenas para passarem meses de sofrimento atroz e sem fim à vista em condições absolutamente desumanas na ‘berma’”. “As organizações de ajuda humanitária têm de ter acesso ilimitado de forma a conseguirem entregar alimentos, medicamentos e tratamento clínico e outros bens essenciais. Qualquer coisa menos do que isso não passa de um penso-rápido que poucos resultados produzirá a longo prazo”, prossegue.

Audrey Gaughran sustenta que “é necessária uma solução mais sustentável a longo-prazo para a crise que se desenrola na ‘berma’”. “E uma solução real e significativa seria a Jordânia, com o apoio da comunidade internacional, prestar aos refugiados ali encurralados segurança e santuário do brutal conflito na Síria. Tal inclui permitir a entrada dos refugiados no país, enquanto são feitas as necessárias verificações de segurança em conformidade com os padrões e a lei internacional”.

“A comunidade internacional tem também de partilhar a responsabilidade com a Jordânia, avançando com muito mais significativas vagas de reinstalação de forma a aliviar a pressão sobre o país que é um dos maiores acolhedores de refugiados no mundo”, remata a diretora da Amnistia Internacional para os Assuntos Globais e Investigação.

 

A Amnistia Internacional sustenta que parte da solução para a atual crise dos refugiados passa por quatro palavras: eu acolho os refugiados. É esta a declaração de dignidade, de humanidade e de partilha da responsabilidade feita pela organização de direitos humanos. Faça-a também: assine o manifesto!

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