10 Novembro 2011

O governo chinês deve-se confrontar com as causas subjacentes aos protestos que levaram 11 tibetanos a imolarem-se pelo fogo desde Março, afirmou a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch no dia 7 de Novembro.
 

Numa carta endereçada ao Presidente chinês Hu Jintao no dia 3 de Novembro de 2011, aquelas organizações de direitos humanos instaram o governo chinês a realizar uma revisão abrangente sobre a situação dos direitos humanos em toda a região tibetana e a pôr fim às restrições legais e políticas que violam os direitos humanos na região.

“O governo chinês deve renunciar às políticas repressivas que violam as liberdades fundamentais das pessoas de etnia tibetana”, afirmou Salil Shetty, Secretário-Geral da Amnistia Internacional. “As autoridades chinesas não atenderam às reivindicações dos tibetanos e, ao invés disso, recorreram a práticas duras que apenas podem aprofundar e levar a mais ressentimentos. Devem respeitar o direito dos tibetanos de praticarem a sua religião e de desfrutarem da sua cultura”.

As imolações configuram protestos contra as restrições das liberdades básicas e medidas de segurança punitivas impostas a vários mosteiros da zona, afirmaram a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch. Os tibetanos continuam a imolar-se pelo fogo apesar da repressão das autoridades.

O governo chinês respondeu aos protestos com detenções em massa, prisões e homicídios imputáveis às forças de segurança. Entre as pessoas detidas estão 300 monges do mosteiro de Kirti, que segundo as autoridades foram levados para “educação patriótica”.

“Anos de restrições dos direitos dos tibetanos conduziram a agitação crescente e a actos de desespero”, afirmou Kenneth Roth, Director Executivo da Human Rights Watch. “É claramente altura do governo chinês repensar a sua abordagem ao ouvir e resolver as queixas dos tibetanos”.

Desde Março, nove monges tibetanos ou ex-monges e duas monjas tibetanas da Província de Sichuan imolaram-se pelo fogo e crê-se que seis deles tenham morrido. No caso mais recente, no dia 3 de Novembro, Palden Choetso, uma monja de 35 anos do convento de Tawu, morreu depois de se imolar pelo fogo.

O governo chinês deve revelar a situação de todas as pessoas que se encontram detidas, incluindo as pessoas que tentaram imolar-se pelo fogo como forma de protesto e que foram depois levadas, afirmaram os grupos.

O governo chinês deve também pôr fim à doutrinação política obrigatória a que os monges e monjas do Tibete são submetidos como parte da “educação legal e patriótica” forçada do governo, afirmou a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch. Muitos tibetanos têm feito queixas sobre estas práticas como intrusivas dos seus direitos à liberdade de expressão e ao livre exercício da sua religião.

As organizações apelaram também ao governo para reduzir a presença de alta segurança que continua em torno e dentro das instituições religiosas.

Fotografia © Gerardo Anguilli / Demotix
 

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