19 Março 2019

Com centenas de mortes confirmadas e milhares de pessoas desaparecidas ou deslocadas após o impacto devastador de um ciclone em Moçambique, no Zimbabué e em partes do Malawi, a Amnistia Internacional apela aos governos estrangeiros, nomeadamente aos líderes regionais, para que intensifiquem os esforços e providenciem todos os recursos disponíveis para as acções de salvamento.

A organização declara que as diligências devem concentrar-se no socorro às pessoas ainda encurraladas nas áreas afetadas, em assegurar assistência humanitária para colmatar as necessidades básicas das vítimas e na proteção dos seus direitos.

Prevê-se agora que o ciclone se desloque mais para oeste, pelo que as autoridades devem também procurar garantir que não se perdem mais vidas, criando mecanismos de alerta precoce e outras estratégias de redução de risco.

“A Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral e a comunidade internacional devem proporcionar os recursos necessários para ajudar nos esforços de resgate nos países atingidos pelo ciclone Idai, a fim de salvar vidas e oferecer auxílio aos que perderam as suas casas e meios de subsistência”, apela Muleya Mwananyanda, diretora regional adjunta da Amnistia Internacional para a África Austral.

O ciclone Idai abateu-se sobre o Zimbabué e Moçambique entre 14 e 16 de março. O fortíssimo ciclone foi previsto pelo serviço meteorológico da África do Sul no dia 11 de março.

Centenas de pessoas permanecem encurraladas nas áreas atingidas pelo ciclone e outras continuam desaparecidas. O presidente moçambicano Filipe Nyusi declarou que o número de mortos pode chegar às 1 000 pessoas.

O distrito de Chimanimani, no leste do Zimbabué, e a Beira, em Moçambique, encontram-se entre as regiões mais devastadas. Segundo as Nações Unidas, quase 10 000 pessoas foram afetadas pelo ciclone no Zimbabué.

“Os líderes regionais e os governos de países mais ricos devem apoiar sistemas de alerta precoce eficazes, a preparação para situações de catástrofe e estratégias de adaptação às alterações climáticas, para salvar vidas e proteger os direitos humanos.”

Muleya Mwananyanda

Moçambique e o Zimbabué são particularmente vulneráveis ao risco de inundações durante a estação das chuvas e desastres anteriores causaram várias mortes e deixaram pessoas desalojadas. O número de ciclones e inundações de proporções anómalas tem vindo a aumentar na África Austral devido à mudança nos padrões meteorológicos, provavelmente causados pelas alterações climáticas.

“Com o intensificar dos efeitos das alterações climáticas, receia-se que se repitam com maior frequência condições extremas. A destruição infligida pelo ciclone Idai é mais um sinal de alerta para que o mundo aplique medidas ambiciosas de atenuação das alterações climáticas”, continua Muleya Mwananyanda.

“Os líderes regionais e os governos de países mais ricos devem apoiar sistemas de alerta precoce eficazes, a preparação para situações de catástrofe e estratégias de adaptação às alterações climáticas, para salvar vidas e proteger os direitos humanos”.

A legislação internacional de direitos humanos define que a responsabilidade fundamental de assistência e protecção às vítimas de catástrofes naturais cabe aos governos dos países afetados. Contudo, os outros países têm também a obrigação de oferecer assistência através da cooperação internacional, se tal for necessário para proteger os direitos humanos.

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