5 Fevereiro 2021

Alexei Navalny foi condenado, esta semana, a dois anos e oito meses de prisão. A sentença seguiu-se à sua detenção, no passado dia 17 de janeiro, quando o conhecido ativista político regressou à Rússia, depois de ter estado internado em Berlim, na sequência de uma tentativa de envenenamento.

Conheça aqui a cronologia deste caso e porque defendemos a libertação imediata e incondicional de Navalny.

 

20 de agosto de 2019

Enquanto viajava de avião de Tomsk para Moscovo, Alexei Navalny sente-se mal, obrigando à realização de uma aterragem de emergência. Entra em coma e é hospitalizado nos cuidados intensivos de uma unidade de saúde em Omsk (Sibéria). Na altura, a Amnistia Internacional apela às autoridades russas para que investiguem as circunstâncias em torno da inesperada e crítica deterioração do estado de saúde do líder da oposição. Além disso, defende que deve ser dada a possibilidade de Navalny ser diagnosticado e tratado por médicos da confiança da família.

 

22 de agosto de 2020

Depois de várias recusas, é transferido para a Alemanha. Internado em Berlim, continua em coma, mas “estável”. As suspeitas de envenenamento são, mais tarde, confirmadas por peritos independentes. Em setembro, recebe alta médica.

 

29 de dezembro de 2020

Na Rússia, Navalny é acusado de desviar 356 milhões de rublos (cerca de 3,9 milhões de euros) de doações feitas à Fundação Anticorrupção, que criou em 2011, e a outras organizações sem fins lucrativos afiliadas. Anteriormente, já tinha sido julgado e condenado em dois casos separados com motivações políticas.

 

17 de janeiro de 2021

Após cinco meses na Alemanha, regressa à Rússia, onde é detido poucos minutos depois de ter aterrado no aeroporto de Sheremetyevo, em Moscovo. O desfecho já era esperado por Navalny, uma vez que os Serviços Penitenciários Federais da Rússia tinham emitido um mandato por não estar a cumprir uma apresentação às autoridades na condição de condenado com pena suspensa. A Amnistia Internacional refere que esta é “mais uma prova de que as autoridades russas estão a tentar silenciá-lo”.

 

18 de janeiro de 2021

Um tribunal ordena a prisão preventiva de Navalny, por 30 dias, até que seja julgado por “múltiplas violações dos termos da sua liberdade condicional”, relacionada com um caso anterior em que foi condenado. A audiência acontece dentro de uma esquadra da polícia, para onde tinha sido encaminhado após a sua detenção no aeroporto de Sheremetyevo. O advogado só conseguiu estar com Navalny um minuto antes do início da sessão, mas canais de televisão estatais foram autorizados a entrar antes. Jornalistas de meios independentes, bem como apoiantes de Navalny, tiveram de permanecer no exterior e enfrentar temperaturas de -20° C.

 

19 de janeiro de 2021

A Fundação Anticorrupção de Navalny publica uma investigação sobre um palácio de milhares de milhões de euros que terá sido construído para o presidente Vladimir Putin, numa zona da costa do Mar Negro. Desde o lançamento, o vídeo foi visto por mais de 55 milhões de pessoas.

 

23 de janeiro de 2021

Mais de 3000 pessoas são detidas durante protestos contra a detenção de Navalny em toda a Rússia. A crueldade da resposta policial é testemunhada na capital Moscovo, com agentes da polícia a visarem manifestantes na maioria pacíficos, empurrando-os em escadas e agredindo-os com cassetetes. A Amnistia Internacional defende a libertação imediata e incondicional de todos os manifestantes pacíficos e de ativistas da sociedade civil que, nos últimos dias, tinham sido submetidos a detenções “preventivas”. Entre estes encontravam-se apoiantes de Navalny e membros da Fundação Anticorrupção.

 

27 de janeiro de 2021

Pelo menos 18 ações de busca e detenção foram realizadas em residências e escritórios de importantes ativistas da oposição, jornalistas e críticos do Kremlin. As forças de segurança invadiram o apartamento onde vive a esposa de Navalny, Yulia Navalnaya, e as instalações da Fundação Anticorrupção e do canal de YouTube onde são gravados os seus populares vídeos. Ao mesmo tempo, várias incursões foram conduzidas nas casas de Anastasia Vasilyeva, líder sindical da Aliança dos Médicos, de Maria Alyokhina, da banda punk Pussy Riot, e dos pais de Sergei Smirnov, editor-chefe do Mediazona, um meio de comunicação independente, entre outros, que terão organizado e participado nos protestos de 23 de janeiro. Se forem considerados culpados, podem ser condenados até dois anos de prisão.

 

31 de janeiro de 2021

Novas manifestações acabam com pelo menos 5021 pessoas detidas, indica o grupo de defesa de direitos humanos OVD-Info. A capacidade dos centros de detenção em toda a Rússia, sobretudo em Moscovo, está a ser largamente ultrapassada.

 

2 de fevereiro de 2021

Um tribunal russo condena Navalny a dois anos e oito meses de prisão. “A condenação com motivações políticas de Alexei Navalny mostra a verdadeira face das autoridades russas, que parecem ter a intenção de prender qualquer pessoa que se atreva a falar contra os seus abusos e a repressão aos direitos humanos”, afirmou diretora do escritório da Amnistia Internacional em Moscovo, Natalya Zviagina.

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