26 Junho 2013

A prática da tortura é um crime ao abrigo da legislação internacional, mas tal não demove muitos governos de permitirem o seu uso, procurando obter “confissões”. 112 países usaram esta forma de “extração de informação” em 2012.

No México esta prática é recorrente, apesar do país ter ratificado a Convenção contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, das Nações Unidas. Miriam Isaura López Vargas (na foto), de 30 anos, mãe de 4 filhos, foi apenas uma das muitas vítimas.

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O caso de Miriam

Estávamos a 2 de fevereiro de 2011 em Ensenada, no norte do país, e Miriam tinha deixado 3 dos seus 4 filhos na escola quando dois homens a forçaram a entrar numa carrinha branca. Estava vendada e com as mãos amarradas. Não fazia a mínima ideia de quem eram os homens e porque a raptavam.

“Quando lhes perguntei porque me levavam, apontaram-me uma arma à cabeça e disseram que se não me calasse rebentavam-me a cabeça”, contou Miriam à Amnistia Internacional. Foi levada para um quartel militar a 84 quilómetros da sua cidade e esteve detida uma semana. Os raptores eram soldados e estes foram os piores sete dias da sua vida, conta.

“Torturaram-me: repetidamente punham-se roupa molhada na cara e derramavam água para que não pudesse respirar. Deram-me choques elétricos”. Ao mesmo tempo, era constantemente violada por soldados. O objetivo? A “confissão” de que tinha traficado droga. Uma acusação que Miriam sempre negou.

Depois de sete dias de tortura, foi levada para um centro de detenção na cidade do México, onde esteve 80 dias. Só depois a transferiram para uma prisão em Ensenada, a sua cidade, onde conseguiu pela primeira vez falar com o marido. Um advogado defensor dos direitos humanos tomou conta do seu caso e Miriam foi libertada a 2 de setembro de 2011. Porém, o pesadelo continua até hoje: “tento viver normalmente, mas estou sempre com medo”.

 

Casos como o de Miriam são recorrentes no México, onde as autoridades torturam todas as pessoas que considerarem suspeitas de estarem ligadas a gangs criminosos ou ao tráfico de droga. A Comissão Nacional de Direitos Humanos do país relatou que em 2012 recebeu 1.921 queixas de violações de direitos humanos cometidas pelas forças armadas e 802 contra a polícia federal.

Hoje, Dia Internacional de Apoio às Vítimas de Tortura, não permitimos que estes casos sejam esquecidos.

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