2 Dezembro 2011

Liu Xiaobo, a quem foi atribuído o Prémio Nobel da Paz em 2010, é um intelectual e académico brilhante, com uma vasta actividade em defesa de reformas políticas e dos direitos humanos na China.

Liu é co-autor e primeiro signatário da Carta 08 que, em analogia com a Carta 77 divulgada pela dissidência checa em 1977 (Václav Havel), pretende pressionar os dirigentes chineses para que respeitem os direitos humanos, o estado de direito e a liberdade (de expressão, de associação, de manifestação e religiosa) e que apela à democratização do regime. A Carta 08 foi colocada na Internet na véspera do 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em uma semana foi assinada por milhares de chineses.

Liu Xiaobo foi levado de sua casa, pela polícia de Pequim em 8 de Dezembro de 2008 e em 25 de Dezembro de 2009 foi acusado de “incitar à subversão do poder do Estado” e condenado a 11 anos de prisão. Liu declarou-se inocente alegando que apenas estava a exercer a sua liberdade de expressão, a qual está consagrada no Artigo 35 da Constituição Chinesa.

Liu Xiaobo,  faz anos em 28 de Dezembro e à semelhança do que aconteceu no ano passado, estamos a pedir que lhes envie este postal de aniversário. Pedimos que enviem os postais (depois de impressos e assinados) para a morada da secção – Avenida Infante Santo, 42, 2º 1350-179 Lisboa – até dia 20 de Dezembro. 

Liu Xiaobo tem um historial consistente de defesa dos direitos humanos

Em Abril de 1989, Liu Xiaobo abandonou o seu lugar de Professor visitante na Universidade de Columbia para voltar a Pequim e participar no movimento pró-democracia de 1989. Em 2 de Junho participou, juntamente com três outros académicos, numa greve da fome na Praça de Tiananmen para protestar contra a imposição da lei marcial e apelar a negociações pacíficas entre os estudantes e o governo. Na manhã de 4 de Junho, os quatro tentaram persuadir os estudantes a abandonar a Praça de Tiananmen. Depois do massacre, Liu esteve detido na prisão de Qincheng, em Pequim, até Janeiro de 1990. Foi considerado culpado de “propaganda e incitamento contra-revolucionários” mas não foi punido.

Em 1996, após ter redigido um projecto de “Propostas Anti-Corrupção” e de ter apelado à reavaliação oficial dos acontecimentos de 4 de Junho de 1989, foi condenado a 3 anos de “Reeducação pelo Trabalho”, acusado de “espalhar rumores e de difamação” e de “perturbar a ordem pública”. Era Professor visitante das Universidades de Colúmbia, de Oslo e do Hawai.

Ao atribuir-lhe em 2010 o Prémio Nobel da Paz, o Comité Nobel da Noruega reconheceu que há uma estreita ligação entre os direitos humanos e a paz. A sua mulher, a poetisa Liu Xia, foi colocada em prisão domiciliária, desde que visitou o marido na prisão, em 8 de Outubro de 2010, para lhe comunicar a atribuição do Prémio Nobel da Paz. Ninguém da sua família foi autorizado a deslocar-se a Oslo para receber o Prémio em seu nome. Como forma de protesto, a cerimónia decorreu com a sua cadeira vazia.

 

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