13 Outubro 2010

No dia 8 de Outubro, pelas 17h30 foi exibido na Biblioteca da Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa o documentário “Fala de Mindjeris: mulheres de Guiné-Bissau”, numa iniciativa conjunta da Amnistia Internacional Portugal e Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF). 
O documentário foi produzido pelo Instituto Marquês de Valle Flôr no âmbito do Projecto “Rostos Invisíveis” em colaboração com o Núcleo de Estudos para a paz e enquadra-se na campanha “Exija Dignidade” da Amnistia Internacional.

A apresentação esteve a cargo de Pedro Krupenski (Director Executivo da Amnistia Internacional Portugal) e estiveram presentes na mesa Maria Ângela Pires (Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Amnistia Internacional Portugal), Ana Isabel Castanheira (Responsável pela Educação para o Desenvolvimento no IMVF), Fátima Proença (Presidente da Associação de Cooperação entre Povos), Tercínia Jumpe (interveniente no projecto) e Joacine Katar Moreira (consultora do projecto “Rostos Invisíveis”).

 

 A campanha “Exija Dignidade” tem como objectivo principal erradicar a pobreza, trabalhando pelo reconhecimento dos direitos de quem é despojado da sua dignidade e não tem voz. Uma voz que, segundo a Amnistia Internacional, tem de ser ouvida pelos decisores políticos e por todos que trabalham nesta área de modo a que as pessoas que sofrem com violações de direitos humanos possam participar no processo de formulação e decisão de medidas que têm o poder de alterar as suas vidas.

 Foi através deste documentário que se ouviram as vozes das mulheres guineenses que relataram diferentes histórias sobre a excisão feminina, a pobreza, a exclusão e uma Guiné que muitos não reconhecem como sendo sua por causa da sombra do narcotráfico.Estas mulheres lutam não só por melhores condições de vida para si, mas também pela mudança generalizada na Guiné e por um papel mais activo da mulher na sociedade.No entanto, consideram que mudar certas práticas e crenças culturais não deverá afectar o seu papel de mãe que constitui a essência do que consideram ser a condição de mulher guineense que acolhe não só dos seus próprios filhos como também dos filhos dos outros.

 É de realçar que nem todas as mulheres entrevistadas deram autorização para serem incluídas no documentário por medo de represálias por parte dos seus maridos, famílias e comunidade. Assim sendo, a maioria das mulheres que aparecem no documentário são mulheres emancipadas e que desafiam algumas das tradições mais enraizadas na sociedade guineense.

 Aliás, este é um documentário que pretende, nas palavras de Ana Isabel Castanheira, enviar uma mensagem positiva e de empoderamento da mulher ao invés da maioria dos documentários sobre África que geralmente transmitem uma imagem negativa. Para além disso, pretende-se também fazer saber que muitas mulheres guineenses já estão prontas para a mudança e têm assumido diariamente essa responsabilidade.

São mulheres que se recusam a acreditar que a pobreza e outros atentados aos Direitos Humanos são inevitáveis e que tentam transmitir esta ideia e pô-la em prática. Como diz um provérbio guineense “Bolta di mundu i rabu di pumba” (As voltas que o mundo dá são como as asas da pomba) e, talvez um dia, todas estas voltas possam devolver a dignidade às suas vidas que será um legado às gerações futuras.

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