10 Setembro 2018

A sentença do fotojornalista foi proferida este sábado, 8 de setembro, no Cairo, Egito, num julgamento em massa que terminou com 75 condenações à morte e 47 pessoas sentenciadas a prisão perpétua, bem como 612 penas de prisão entre os 15 e os 5 anos.

O julgamento em massa esteve relacionado com a participação na manifestação que ocorreu nas praças de Rabaa al-Adaweya e al-Nahda a 14 de agosto de 2013, quando as forças de segurança dispersaram de forma violenta os manifestantes, resultando numa terrível vaga de mortes.

“As sentenças foram proferidas num julgamento em massa vergonhoso de mais de 700 pessoas e condenamos fortemente o seu veredito”, afirma a diretora de Campanhas da Amnistia Internacional para a região do Norte de África, Najia Bounaim. “A pena de morte não deveria em nenhuma circunstância ser uma opção”.

A especialista acrescenta que “o facto de nenhum polícia ter sido responsabilizado pela morte de pelo menos 900 pessoas nas manifestações de Rabaa e Nahda mostram que este foi um julgamento de fachada. As autoridades egípcias deviam ter vergonha”.

A Amnistia Internacional está a exigir que seja feito “um novo julgamento, num tribunal imparcial” e no qual seja respeitado “o direito a um julgamento justo para todos os acusados, sem recurso à pena de morte”.

 

Fim aos ataques à liberdade de imprensa

O fotojornalista Mahmoud Abu Zeid, conhecido como “Shawkan”, foi um dos condenados, sentenciado a cinco anos de prisão que já cumpriu, uma vez que está detido desde 2013. A diretora da Amnistia Internacional acrescenta: “Shawkan está há mais de cinco anos na prisão só por fazer o seu trabalho de fotojornalista e por documentar a brutalidade policial que aconteceu no fatídico dia”.

Nos últimos anos, milhares de pessoas, de todo o mundo, enviaram incansavelmente apelos para as autoridades libertarem o fotojornalista. A Amnistia Internacional insta agora as “autoridades egípcias a porem fim aos vergonhosos ataques à liberdade de imprensa e de expressão e a libertarem, de imediato e incondicionalmente, Shawkan. Ele é um prisioneiro de consciência, detido apenas por estar a fazer o seu trabalho jornalístico”.

A 14 de agosto de 2013 ocorreu o que ficou conhecido como o massacre de Rabaa, quando a polícia dispersou de forma violenta os manifestantes que estavam nas praças de Rabaa al-Adaweya e al-Nahda, resultando em pelo menos 900 mortos.

Nenhum polícia foi responsabilizado pelos acontecimentos, mas o tribunal de Rabaa julgou coletivamente 739 manifestantes acusados do assassinato de 17 homens, incluindo sete elementos das forças de segurança, e outras acusações, entre elas “reunião ilegal”, “incitamento à violação da lei” e envolvimento na violência.

A Amnistia Internacional opõe-se à pena de morte de forma incondicional, para todos os casos e em todas as circunstâncias.

 

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