22 Outubro 2012

Cerca de 150 indivíduos de etnia cigana – incluindo 60 crianças – ficaram sem casa após terem sido desalojados à força e as suas casas terem sido demolidas nos arredores de Paris, em Noisy-le-Grand, na mais recente operação de desalojamentos forçados a povoações de etnia cigana, na manhã de 15 de outubro. 

“As autoridades de Seine-Saint-Denis falharam completamente em cumprir com as suas obrigações de Direitos Humanos quando conceberam e concretizaram esta operação, que constitui um desalojamento forçado. Num cenário que se torna demasiado comum para comunidades de etnia cigana na França, várias famílias foram novamente deixadas sem-abrigo porque as autoridades locais não fornecem habitação alternativa”, diz Marek Marczyñski, Diretor-adjunto do Programa da Amnistia Internacional para a Europa e Ásia Central.
 
Em abril deste ano, um tribunal da região decretou que o assentamento seria desalojado a partir de 13 de junho de 2012, mencionando as condições precárias e notando que, dado o elevado número de crianças, seria dado um prazo de dois meses para que os residentes tivessem tempo de encontrar habitação alternativa. A 8 de outubro, a Prefeitura de Seine-Saint-Denis convocou uma reunião para discutir as melhores práticas para operações de desalojamento do assentamento ilegal em Noisy-le-Grand, para a qual foram convidadas ONG locais, mas não a comunidade de etnia cigana.
 
Na semana anterior ao desalojamento, agentes da polícia e da prefeitura visitaram várias vezes a povoação, e avisaram informalmente os residentes que o desalojamento teria lugar na manhã de 15 de outubro; porém, como no mês anterior tinham havido visitas semelhantes e avisos de desalojamento iminente, os habitantes não tinham a certeza de que este iria mesmo ocorrer. Às 8:15 de segunda-feira, de acordo com os media e ativistas locais, dez carrinhas da polícia chegaram à povoação, dando uma hora aos habitantes para reunirem os seus pertences e sair. Todo o dia, os 150 residentes, sem habitação alternativa, ficaram à espera à porta do gabinete do governador local, que se recusou a falar sobre o desalojamento.
 
O bairro informal de Noisy-le-Grand será mencionado num relatório da Amnistia Internacional acerca dos desalojamentos forçados de indivíduos de etnia cigana na região de Île-de-France a ser publicado no próximo mês.

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