9 Fevereiro 2022

O reencontro tão aguardado de Germain Rukuki com a sua família ocorreu no passado sábado, 5 de fevereiro, após um período de mais de quatro anos separados. Em Bruxelas, o defensor de direitos humanos burundinês, de sorriso largo e afável, pôde finalmente conhecer o seu terceiro filho, já que a sua esposa se encontrava grávida quando foi preso.

Germain Rukuki, detido em casa em julho de 2017, foi sentenciado a 32 anos de prisão pelo seu trabalho pacífico em matéria de direitos humanos e viu a sua pena ser reduzida para um ano. Como já tinha cumprido mais de quatro anos de sentença, foi imediatamente libertado em junho de 2021, após decisão do tribunal de recurso.

Para Germain, depois do período de detenção, a prisão não foi uma surpresa. No Burundi, os defensores de direitos humanos, as vozes dissidentes e os oponentes políticos são repreendidos com violência. Apesar de Germain ser comprometido na sua missão de melhorar o mundo, salvar vidas e fazer cumprir os direitos humanos, este seu trabalho pacífico atirou-o para trás das grades, considerado culpado de várias acusações infundadas, como “rebelião”, “participação em movimentos de insurreição”, “ataque à autoridade do Estado” e “ameaça à segurança do Estado”.

Para Germain, depois do período de detenção, a prisão não foi uma surpresa. No Burundi, os defensores de direitos humanos, as vozes dissidentes e os oponentes políticos são repreendidos com violência

Em situação de profunda incerteza e insegurança, Emelyne Mupfasoni, esposa de Germain, decidiu sair do país com os dois filhos do casal, enquanto estava grávida do terceiro. Emelyne, também trabalhadora de uma organização não-governamental, viu nesta decisão a única forma de proteger a sua família.

O caso de Germain Rukuki foi um dos casos da Maratona de Cartas de 2020, o maior evento anual de ativismo do mundo, no qual, mais de 430.000 pessoas mobilizaram-se para ajudar Germain, juntando a sua assinatura à petição dirigida ao presidente da República do Burundi, Evariste Ndayishimiye, que apelava à libertação do defensor de direitos humanos. Em Portugal, foram recolhidas mais de 28 mil assinaturas, posteriormente entregues ao Embaixador do Burundi no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas na Suíça, com o apoio dos colegas da secção local da Amnistia Internacional. O caso de Germain Rukuki é uma das vitórias de direitos humanos, que a Amnistia Internacional assinalou em 2021 e que nos relembra que a nossa assinatura pode mesmo mudar a vida de alguém.

Por todo o mundo, mais de 430.000 pessoas mobilizaram-se para ajudar Germain, juntando a sua assinatura à petição dirigida ao presidente da República do Burundi, Evariste Ndayishimiye, que apelava à libertação do defensor de direitos humanos

A 14 de outubro de 2021, já em liberdade, Germain Rukuki partilhou o seu testemunho numa conversa online com os alunos do Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica (CENFIM), a escola que reuniu o maior número de assinaturas em Portugal para o seu caso em 2020.

Germain Rukuki permanece determinado na sua missão de fazer com que todos possam usufruir dos seus direitos e liberdades no Burundi e, depois dos anos de prisão onde procurou a todo o custo manter a força e resiliência, é particularmente solidário para com os defensores de direitos humanos em perigo, tendo fundado, após a sua libertação, a ONG Together for the Support of Human Rights Defenders in Danger (ESDDH).

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