9 Abril 2024

Reagindo à investigação divulgada esta terça-feira sobre 51 grandes empresas que estão a fazer muito pouco para reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa, Candy Ofime, investigadora da Amnistia Internacional para a Justiça Climática, recordou que “as pessoas mais afetadas pelo aquecimento global são as comunidades marginalizadas que vivem na linha da frente da crise climática”.

“As conclusões da investigação mostram que aqueles que já se encontram em maior risco continuarão a pagar o preço de uma cultura de irresponsabilidade climática das empresas, fomentada em conselhos de administração executivos a muitos milhares de quilómetros de distância”, disse.

“Muitas grandes empresas procuram enganar os consumidores, os acionistas e os contribuintes com greenwashing e promessas vazias”

Candy Ofime

“Em vez de tomarem as medidas urgentes necessárias para evitar que a crise climática se agrave e viole os direitos humanos de milhares de milhões de pessoas, muitas grandes empresas procuram enganar os consumidores, os acionistas e os contribuintes com greenwashing e promessas vazias”, sublinhou Candy Ofime.

Os governos têm agora de intervir para adotar regulamentos e políticas que obriguem as grandes empresas a acelerar as reduções de emissões e a agir com firmeza contra as que não estão a fazer nada para mitigar o aquecimento global”.

 

Contexto

Um estudo anual produzido pelo NewClimate Institute e pelo Carbon Market Watch, denominado Monitor da Responsabilidade Climática das Empresas, analisou os compromissos climáticos para 2030 de 51 grandes empresas dos setores automóvel, da energia, da moda, da agricultura e do retalho.

Vários estudos demonstraram que 80% das emissões de dióxido de carbono entre 2016-2022 podem ser atribuídas a apenas 57 empresas de cimento ou de combustíveis fósseis. A Shell reduziu recentemente os seus objetivos de redução das emissões de gases com efeito de estufa e está atualmente a recorrer de uma decisão judicial holandesa de 2021 que a obriga a reduzir em 45% as suas emissões absolutas de carbono, incluindo as dos produtos petrolíferos e de gás que vende, até 2030. A Amnistia Internacional apela a uma eliminação total, rápida, justa e financiada dos combustíveis fósseis e a uma transição justa para as energias renováveis.

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