13 Novembro 2023

Reagindo a um relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), que mostra que a produção de combustíveis fósseis até 2030 será mais do dobro do limite necessário para manter o aquecimento global dentro do objetivo internacionalmente acordado de 1,5°C, acima dos níveis pré-industriais neste século, Candy Ofime, investigadora da Amnistia Internacional para a Justiça Climática, afirmou que os principais países produtores de combustíveis fósseis estão a submeter-se à procura de lucro pelas grandes empresas.

“Esta situação deve ser remediada na COP28, através de um acordo entre as partes para eliminar urgentemente e de forma equitativa todos os combustíveis fósseis.

“As comunidades marginalizadas e os povos indígenas estão a suportar o peso dos danos climáticos, e esta situação só irá piorar com o aumento das emissões de gases com efeito de estufa resultantes da queima de mais combustíveis fósseis”

Candy Ofime

“Como o relatório do PNUA indica, o aumento da produção e utilização de combustíveis fósseis não é compatível com um futuro seguro. As alterações climáticas afetam os direitos à vida, à saúde, à alimentação, à água, à cultura e a um ambiente limpo, saudável e sustentável das gerações presentes e futuras. As comunidades marginalizadas e os povos indígenas estão a suportar o peso dos danos climáticos, e esta situação só irá piorar com o aumento das emissões de gases com efeito de estufa resultantes da queima de mais combustíveis fósseis”, realçou.

Candy Ofime defende que “os Estados devem tomar medidas urgentes para eliminar gradualmente toda a produção de combustíveis fósseis e suspender todos os novos projetos de expansão, acelerando uma transição justa e equitativa para as energias renováveis”.

“Os Estados que têm a maior responsabilidade pelas emissões históricas, bem como os Estados produtores de combustíveis fósseis de alto rendimento, devem avançar mais e mais rapidamente e prestar assistência adequada aos Estados que dela necessitam para ajudar a descarbonizar as suas economias”, concluiu.

 

Contexto

O relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente 2023 sobre as lacunas de produção de combustíveis fósseis salienta também que não se pode contar com tecnologias arriscadas e não comprovadas, como a captura e armazenamento de carbono e a remoção de dióxido de carbono, e que podem atrasar a eliminação progressiva necessária para proteger os direitos humanos e o ambiente. O relatório terá influência nas conversações da cimeira sobre o clima COP28, que decorrerá entre 30 de novembro e 12 de dezembro.

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