O filme escrito e realizado pela zambiana Rungano Nyoni foi o vencedor do Prémio Amnistia Internacional no IndieLisboa – Festival Internacional de Cinema.
On Becoming a Guinea Fowl foi escolhido pelo júri composto pela jornalista Ana Relvas França, a ilustradora Catarina Sobral e o membro da direção da Amnistia Internacional – Portugal Rodrigo Cardoso.
A sinopse desta obra — que também recebeu o principal prémio do festival para longa-metragens — conta-nos que tudo começa quando Shula encontra o corpo morto do tio no meio da estrada. A comicidade absurda com que é encenado o momento vai-se transformando, ao longo do filme, numa meditação sobre o quão longe vai uma família para negar segredos que, no fundo, todos conhecem. E por muito que esta família da Zâmbia deseje que fiquem coisas por dizer, há coisas difíceis de calar. O filme coloca o dedo na ferida enquanto nos dá um abraço.
O Prémio Amnistia Internacional tem o patrocínio da Fundação Serra Henriques, no valor de 1500 euros, e é fruto da parceria entre a Secção Portuguesa da Amnistia e o IndieLisboa. Atribuído desde 2005, visa distinguir filmes que contribuam para alargar a compreensão do espectador sobre as várias dimensões da dignidade humana.
“Uma lufada de ar fresco”
Ao atribuir o Grande Prémio de Longa-Metragem Cidade de Lisboa a On Becoming a Guinea Fowl, de Rungano Nyoni, o júri do prémio principal, composto por Lyse Ishimwe Nsengiyumva, Marta Simões e Daniel Jonas, sublinhou a “narrativa corajosa e uma cinematografia impressionante”. E acrescentaram: “A realização sensata e sensível torna o filme numa experiência de visionamento atraente e faz dele uma lufada de ar fresco — uma análise refrescante, mas profunda e poderosa. A hábil realizadora mostra-nos um mundo de relações familiares complicadas e tradições enraizadas, passando de uma narrativa culturalmente específica para temas universais de uma forma elegante e original.”