13 Maio 2019

O filme “Sete Anos em Maio”, de Affonso Uchôa, é o grande vencedor do Prémio Amnistia Internacional do IndieLisboa 2019, entregue este sábado. Esta é a segunda vez que o realizador brasileiro sai galardoado do festival, depois de ter recebido o Prémio Especial do Júri na edição 2017 pela longa-metragem “Arábia”.

“Sai vencedor pela urgência de falarmos de um país em que o marginal pode ser polícia e o polícia pode ser marginal”

Júri

Em “Sete Anos em Maio”, conhecemos a história de Rafael, numa série de longos monólogos junto a uma fogueira. Entre o documentário e a ficção, ficamos a saber que, depois de um dia de trabalho, foi levado de sua casa por desconhecidos. Desde então, a sua vida mudou. E a noite em que desapareceu parece nunca ter terminado.

“Não foi uma decisão fácil. Ao fim de umas horas de discussão, acabaram, em cima da mesa, duas histórias contadas em português, separadas por um oceano. Narrativas muito diferentes que partilham uma ideia de exclusão, de insegurança. Numa delas, a periferia de uma cidade cuja existência é ignorada e oprimida pelo centro. Noutra, são as forças de segurança que tornam todos os lugares inseguros. Por mais que a ‘Batida de Lisboa’, da Rita Maia e do Vasco Viana, nos tenha emocionado pela forma como a música e a cultura são uma arma de resistência anti-racista, para o júri, um outro filme sai vencedor pela urgência de falarmos de um país em que o marginal pode ser polícia e o polícia pode ser marginal. Onde se agride de forma gritante e discricionária negros, pobres, favelados, mulheres e LGBTI+. Um país onde a polícia que te agride e te impede de sair de margem, te condena a ser mais um Rafael. O júri decidiu atribuir o Prémio Amnistia Internacional à curta metragem brasileira, de Affonso Uchôa, ‘Sete Anos em Maio’”, lê-se na nota emitida pelo júri do prémio composto por Inês Castel-Branco, atriz, Margarida David Cardoso, jornalista, e Manuel Azevedo Coutinho, membro da direção da Amnistia Internacional.

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