16 Setembro 2011

O homicídio de um proeminente jornalista de rádio em Bagdade, realça a forma como as autoridades estão a falhar na protecção aos trabalhadores dos media contra as continuas ameaças e violência, afirmou a Amnistia Internacional no dia 9 de Setembro.

Haia al-Mahdi, de 44 anos, foi atingido duas vezes na cabeça no interior do seu apartamento no distrito de Bagdade, Karrada, no dia 8 de Setembro, antes de um protesto agendado no qual planeava participar na Praça Tahrir da cidade, no dia 9.

Os amigos afirmaram que Haia al-Mahdi temia pela sua vida depois de ter recebido uma série de ameaças nas últimas semanas.

“Os jornalistas continuam a pagar um preço elevado pela violência actual no Iraque e pelos ataques motivados politicamente como este, não devem ser mais tolerados”, afirmou Philip Luther, Vice-Director da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África.

As autoridades iraquianas devem condenar severamente o homicídio de Hadi al-Mahdi, levar a cabo uma investigação total para identificar e julgar os seus homicidas e assegurar que outros jornalistas que enfrentem ameaças, recebam protecção adequada se a pedirem.”

Al-Mahdi era um critico politico aberto e o seu programa de Rádio Demozy “Para quem quer que Ouça” abordou um amplo leque de questões. Ninguém, por todo o espectro politico, foi poupado do seu escrutínio e a sua análise foi descrita como irreverente e espirituosa, tendo em conta o seu passado teatral.

Funcionários do governo do Presidente Nuri al-Maliki queixaram-se alegadamente à Rádio Demozy acerca do programa. Al-Mahdi parou de transmitir o programa à cerca de dois meses, receando pela sua segurança.

Na segunda semana de Setembro, al-Mahdi estava a usar as redes sociais para publicitar um protesto planeado para o dia 9 de Setembro na Praça Tahrir, em Bagdade, onde participava semanalmente em protestos nos últimos meses.

Horas antes de ter sido morto, na véspera do protesto, al-Mahdi colocou um comentário no Facebook afirmando sentir que corria perigo: “Vivi os últimos três dias num estado de terror. Algumas pessoas ligaram-me e alertaram-me para rusgas e detenções de manifestantes. Há uma pessoa que diz que o governo fará isto e aquilo. Há uma pessoa com um nome falso que vem ao Facebook para me ameaçar.”

No inicio do ano, al-Mahdi disse à Amnistia Internacional que um grupo de pelo menos 15 soldados o detiveram a ele e a outros três jornalistas a 25 de Fevereiro, depois de terem participado numa manifestação pro-reforma na Praça de Tahrir. Os quatro jornalistas foram detidos durante a noite para interrogatório na sede da 11ª divisão do exército, onde al-Mahdi foi agredido, electrocutado e ameaçado de violação, antes de ser libertado sem acusações.

Em Agosto, o parlamento do Iraque aprovou uma nova lei sobre protecção legal para jornalistas, que enfrentam ameaças e ataques contínuos por motivos políticos. Contudo, a lei não abrange a protecção física.

“O homicídio de al-Mahdi um mês depois da nova lei ter sido aprovada, torna mais clara esta grande lacuna da medida”, disse Philip Luther. “As autoridades iraquianas devem redobrar os seus esforços para assegurar que os jornalistas possam realizar o seu trabalho em segurança.”

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