- Intercepção é ataque contra ativistas solidários em missão humanitária e pacífica
- “Tripulação dos navios interceptados deve ser libertada imediata e incondicionalmente. A sua detenção é ilegal, e Israel deve ser totalmente responsabilizado pela sua segurança e garantir que sejam protegidos contra qualquer forma de maus-tratos enquanto aguardam a sua libertação” – Agnés Callamard
- Estados devem exigir regresso imediato e seguro de todos os detidos e permitir o acesso sem entraves a Gaza aos outros navios
A secretária-geral da Amnistia Internacional, Agnès Callamard, reagiu às notícias da intercepção de, pelo menos, 39 embarcações e detenção de dezenas de tripulantes da Flotilha Global Sumud por parte das forças israelitas, afirmando que “constituem um ataque descarado contra ativistas solidários que realizavam uma missão humanitária totalmente pacífica. Esta apreensão surge após semanas de ameaças e incitamento por parte das autoridades israelitas contra a frota e os seus participantes e após várias tentativas de sabotar alguns dos seus navios”.
A Flotilha Global Sumud tentava quebrar o bloqueio ilegal de Israel e entregar ajuda humanitária essencial à Faixa de Gaza ocupada, no âmbito do genocídio em curso por parte das forças israelitas.
“Ao continuar a bloquear ativamente a ajuda vital a uma população contra a qual está a cometer genocídio e a infligir fome, Israel está, mais uma vez, a demonstrar o seu total desprezo pelas ordens juridicamente vinculativas do Tribunal Internacional de Justiça e pelas suas próprias obrigações como potência ocupante de garantir que os palestinianos em Gaza tenham acesso a alimentos suficientes e assistência humanitária vital”, adicionou Agnés Callamard.
“Esta apreensão surge após semanas de ameaças e incitamento por parte das autoridades israelitas contra a frota e os seus participantes e após várias tentativas de sabotar alguns dos seus navios.”
Agnès Callamard
A responsável da Amnistia Internacional defendeu ainda que “a tripulação dos navios interceptados deve ser libertada imediata e incondicionalmente. A sua detenção é ilegal, e Israel deve ser totalmente responsabilizado pela sua segurança e garantir que sejam protegidos contra qualquer forma de maus-tratos enquanto aguardam a sua libertação”.
Para a secretária-geral da AI, “esta intercepção não se trata apenas de bloquear a ajuda, é um ato calculado de intimidação com o objetivo de punir e silenciar os críticos do genocídio de Israel e do seu bloqueio ilegal a Gaza. A incitação e as ameaças que a precederam são também uma tentativa descarada de demonizar iniciativas pacíficas de solidariedade que procuram pôr fim ao genocídio de Israel e ao cruel bloqueio que impôs a Gaza desde 2007 e que reforçou, significativamente, desde outubro de 2023. Estamos profundamente preocupados com a segurança de todos aqueles que foram detidos até agora, em particular os delegados árabes e os ativistas solidários que têm sido alvo de uma campanha difamatória inflamatória”.
A Flotilha Global Sumud, cuja tripulação é composta por defensores dos direitos humanos, médicos, parlamentares, ativistas e jornalistas de mais de 40 países, e outras iniciativas pacíficas anteriores que tentaram quebrar o bloqueio ilegal de Israel, emergiram como um poderoso símbolo de solidariedade com os palestinianos sitiados, famintos e sofredores na Faixa de Gaza. O próprio facto de terem sido obrigados a zarpar é uma clara acusação ao fracasso persistente da comunidade internacional para pôr fim ao genocídio em curso por parte de Israel e em garantir o fluxo sem entraves de ajuda aos palestinianos na Faixa de Gaza.
“Estamos profundamente preocupados com a segurança de todos aqueles que foram detidos até agora, em particular os delegados árabes e os ativistas solidários que têm sido alvo de uma campanha difamatória inflamatória.”
Agnès Callamard
“O tempo das meras condenações acabou. Os Estados de todo o mundo devem agir agora e deixar claro que não tolerarão mais a fome sistemática imposta por Israel aos palestinianos em Gaza, nem os ataques a esforços humanitários civis desarmados. A impunidade de décadas pelas violações flagrantes do direito internacional por parte de Israel deve acabar, nada pode justificar o genocídio”, sustentou Agnès Callamard.
“Os Estados devem exigir o regresso imediato e seguro de todos os detidos e permitir o acesso sem entraves a Gaza aos outros navios. Devem também pressionar Israel a levantar o seu bloqueio sufocante de 18 anos e permitir que a ajuda humanitária seja entregue através de todas as passagens para Gaza e em toda a Faixa de Gaza imediatamente”, concluiu.
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