14 Janeiro 2010

A Amnistia Internacional apela ao Governo do Japão para divulgar um pedido de desculpas às sobreviventes do sistema de escravidão sexual dos militares do Japão, durante a celebração da 900º “Manifestação de Quarta-feira” em Seul, Coreia do Sul. 

De 1932 até ao fim da Segunda Guerra Mundial, cerca de 200.000 mulheres foram vítimas de escravatura sexual. O Exército Imperial do Japão angariava mulheres e meninas que, por causa da idade, pobreza, classe, situação familiar, educação, nacionalidade ou etnia foram as mais susceptíveis de serem enganadas e presas no sistema de escravatura sexual.Estas mulheres sofreram uma série de abusos incluindo rapto, violação sexual em grupo e abortos forçados. Muitas das vítimas ainda sofrem as consequências destes abusos. 
 

Desde Janeiro de 1992, as “Manifestações de Quarta-feira” têm lugar todas as quartas-feiras no exterior da embaixada do Japão na Coreia do Sul, perfazendo actualmente um total de 900 manifestações. Sobreviventes do sistema de escravatura sexual, activistas dos Direitos Humanos, estudantes e pessoas de todo o mundo têm participado nestas manifestações semanais para demonstrar a sua solidariedade e apoio aos pedidos de justiça. 

A sul coreana, Kim Hak-soon, foi a primeira a falar publicamente sobre a sua provação, inspirou outras vítimas a quebrar o silêncio. Estas corajosas sobreviventes continuam a trabalhar vigorosamente numa campanha por justiça e promoção dos Direitos Humanos.  

As sobreviventes e os seus apoiantes viajaram por todo o mundo para falar com políticos, membros do governo, deputados, estudantes e activistas dos Direitos Humanos. Actualmente existe um movimento internacional que reúne sobreviventes, familiares e apoiantes num apelo por justiça.

Desde 2007, os Estados Unidos da América, o Canadá, os Países Baixos, a Coreia do Sul, Taiwan e o Parlamento Europeu, que representa os 27 países membros da União Europeia, aprovaram resoluções que apelam ao Governo do Japão que assuma responsabilidade e peça desculpas pelos crimes cometidos contra estas mulheres.

No Japão os Conselhos Municipais de Takarazuka, Kiyose, Sapporo, Fukuoka, Mino-o, Kyo-Tanabe, Koganei, Mitaka, Ikoma, Sennan e Kokubunji também apelaram ao Governo japonês para que resolva esta questão.

A Amnistia Internacional congratula-se por ser parte integrante do movimento que apela ao Governo do Japão para que proporcione justiça às “mulheres de conforto” e tome medidas imediatas para travar esta violação dos Direitos Humanos sem fim.  

Contudo, o tempo está a acabar e a maioria das sobreviventes do sistema das “mulheres de conforto” são idosas e muitas já faleceram. O Governo do Japão deve agir imediatamente para indemnizar todas aquelas que sofreram. 

 A Amnistia Internacional apela ao Governo do Japão para que:
·Aceite toda a responsabilidade pelo sistema de “mulheres de conforto”, de um modo que reconheça publicamente os prejuízos e o sofrimento causados a estas mulheres, restaurando a dignidade das sobreviventes;
·Peça desculpas plenamente e de forma inequívoca dos crimes cometidos contra as mulheres e atribua uma indemnização adequada e eficaz às sobreviventes e às suas famílias;
·Inclua um relato preciso do sistema de escravidão sexual em manuais educativos japoneses sobre a II Guerra Mundial.  

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