19 Fevereiro 2015

A recusa das autoridades iranianas em prestarem informações sobre o destino e paradeiro de Saman Naseem, que se encontrava no corredor da morte condenado por crimes alegadamente cometidos quando era menor e com execução marcada para esta quinta-feira, inspira sérios receios de que o jovem esteja em risco de voltar a ser torturado e mesmo executado em segredo.

Saman Naseem foi transferido na quarta-feira, 18 de fevereiro, da Prisão Central de Oroumieh, na província iraniana do Azerbaijão Ocidental, para uma localização desconhecida. Responsáveis prisionais informaram tão só a família, no sábado, que deveriam ir à prisão recolher os seus pertences. 

O jovem, agora com 22 anos, contactou familiares no passado domingo, 15 de fevereiro, relatando-lhes que naquele mesmo dia um grupo de homens com roupas à civil o tinham levado da cela onde aguardava a execução para um gabinete do departamento de segurança da Prisão de Oroumieh. Ali, aqueles homens, que se crê serem agentes do Ministério de Informações e Serviços Secretos, montaram o equipamento de gravação de imagem que traziam com eles e espancaram Saman Naseem durante várias horas para o forçar a uma “confissão”, o que o jovem se recusou a fazer.

“A falta de informações sobre o destino e paradeiro de Saman Naseem, com os guardas prisionais a recusarem-se a dar notícias à sua família, é cruel e desumana”, critica a vice-diretora da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África, Hassiba Hadj Sharaoui. “As autoridades do Irão têm de parar de brincar com os familiares de Saman Naseem. E têm de divulgar imediatamente qual é o seu paradeiro, parar os planos da sua execução e iniciar uma reavaliação judicial do seu processo”, prossegue a perita.

Saman Naseem foi condenado à pena de morte num segundo julgamento tão injusto quanto o primeiro num tribunal de Mahabad, Azerbaijão Ocidental, em abril de 2013. Foi dado como culpado de “inimizade contra Deus” e “corrupção na Terra”, em resultado da sua alegada participação nas atividades do Partido para a Vida Livre no Curdistão (grupo separatista que luta por maior autonomia para a minoria curda) e de ter cometido atos armados contra as forças de elite da Guarda Revolucionária. Tinha 17 anos quando os alegados crimes ocorreram e foi detido em julho de 2011.

Numa carta enviada à Amnistia Internacional, Saman Naseem descreve a tortura a que já fora antes submetido, ao longo de 97 dias: que o mantiveram numa cela de dois metros por meio metro, foi constantemente espancado, vendado e coagido a pôr as suas impressões digitais em documentos de “confissão” que mais tarde serviram de prova no seu julgamento.

 

Saman Naseem foi condenado a ser executado na quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015, por crimes que alegadamente cometeu quando tinha 17 anos. Foi dado como culpado num julgamento injusto. Ajude a Amnistia Internacional a salvar Saman Naseem: junte-se à ação em defesa deste jovem, enviando uma mensagem ao Supremo Líder do Irão ayatollah Ali Khamenei para que suspenda a execução, que é ilegal de acordo com a lei internacional tendo em conta a idade de Saman Naseem quando foi detido. Dê também força digital a este apelo, no Twitter.
 

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