2 Setembro 2011

Dois líderes da oposição etíopes foram presos depois de se terem reunido com investigadores da Amnistia Internacional que posteriormente foram expulsos do país, afirmou a organização no dia 31 de Agosto. Um dos homens foi acusado de crimes relacionados com terrorismo, enquanto as acusações contra o outro indivíduo são desconhecidas.

“Estamos extremamente preocupados pelo facto das detenções dos dois homens terem ocorrido poucos dias depois de falarem com os nossos investigadores. Apesar do governo etíope ter negado, estamos preocupados porque as suas detenções serão consequência de terem falado com a Amnistia Internacional”, afirmou Michelle Kagari, Vice-Directora do Programa para África.

Bekele Gerba, Vice-Presidente do Movimento Democrático Federalista de Oromo, um movimento da oposição, e Olbana Lelisa do partido do Congresso do Povo de Oromo foram ambos presos a 27 de Agosto. No mesmo dia em que os dois homens foram detidos, a missão  da Amnistia Internacional foi chamada para uma reunião com o governo, onde receberam ordem para abandonar o país.

Bekele Gerba, um professor inglês na Universidade de Addis Abeba, foi preso com base em alegações de pertencer à Frente de Libertação de Oromo, uma acusação que o governo utiliza regularmente para silenciar os membros da oposição política de Oromo. A acusação contra Olbana Lelisa não foi tornada pública, mas prevê-se que as acusações sejam as mesmas.

Os investigadores da Amnistia Internacional tinham-se reunido com Olbana Lelisa no dia anterior à sua detenção, para troca de informações. Também se reuniram com Bekele Gerba, quatro dias antes de ter sido preso. Os investigadores da organização foram fotografados por agentes dos serviços secretos quando saiam do escritório de Bekele depois da reunião.

Nessa reunião, Bekele Gerba explicou à Amnistia Internacional a ironia dos politicos de Oromo serem acusados de pertencer à Frente de Libertação de Oromo. “A Frente de Libertação de Oromo não gosta de nós”, afirmou. “Dizem que legitimamos o regulamento do EPRDF (partido governante), dizem que somos os seus bonecos e a nossa luta não tem quaisquer frutos.”

Ambos os homens são políticos de longa data que pertencem à oposição e que fizeram campanha abertamente nas eleições nacionais de 2010. “Estas detenções indicam a constante perseguição de que são alvo os políticos da oposição e da grave asfixia da liberdade de expressão no país”, afirmou Michelle Kagari.

Os dois homens estão agora detidos no centro de investigação da polícia federal, ‘Maikelawi’, de onde a Amnistia Internacional tem recebido inúmeros relatos de uso de tortura. Além disso, os detidos de Maikelawi não têm, de forma rotineira, acesso a advogados ou aos familiares por períodos que podem ir até dois meses.  

Os investigadores da Amnistia Internacional estiveram sob constante vigilância durante os doze dias que passaram no país antes de serem expulsos. “Estamos agora extremamente preocupados com a segurança de todas as pessoas que se reuniram com os nossos investigadores enquanto estes estiveram no país”, acrescentou Michelle Kagari.

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