17 Novembro 2014

Os líderes dos países membros do G20, que se reuniram este fim de semana, 15 e 16 de novembro, na Austrália, têm de agir quanto antes para garantir que todo o financiamento, pessoal e equipamento necessários para deter o surto de ébola são disponibilizados sem qualquer discriminação, foi vincado por um grupo de organizações internacionais não-governamentais de proa, incluindo a Amnistia Internacional, em antecipação à importante cimeira.

A Amnistia Internacional, a Oxfam International, a Plan International, a Save the Children e a WaterAid estão coletivamente presentes nos três países afetados, mantendo uma análise clara das tremendas necessidades que se colocam e continuam a necessitar de resposta.

Estas cinco organizações internacionais não-governamentais lançaram uma petição dirigida aos países com as 20 maiores economias mundiais, instando-os a porem em marcha medidas concretas para vencer a luta contra a propagação do vírus ébola.

Em apenas algumas semanas, 165.490 pessoas no mundo inteiro assinaram esta petição, expressando solidariedade para com as comunidades afetadas pelo ébola e recordando os líderes do G20 que a janela de oportunidade para impedir que o surto fique fora de controlo está a fechar-se muito rapidamente.

“Os líderes do G20 têm de se lembrar que, no contexto de uma emergência de saúde, como é o caso da crise do ébola, os Estados estão vinculados à obrigação legal das normas internacionais de direitos humanos a disponibilizarem ajuda se estão em posição de o fazer”, defende o vice-diretor regional do Programa África Central e Ocidental da Amnistia Internacional, Steve Cockburn.

Este responsável sublinha que “as respostas, a nível nacional e global, têm de aumentar rapidamente, e de uma forma que respeite, proteja e cumpra todos os direitos humanos das pessoas contagiadas, dos profissionais de saúde e das comunidades”.

Em antecipação à cimeira na Austrália, a Amnistia Internacional, a Oxfam International, a Plan International, a Save the Children e a WaterAid organizaram várias linhas de campanha, eventos públicos e encontros por todas as regiões do mundo, incluindo o país anfitrião da reunião do G20, e também o Japão, Espanha, Estados Unidos e Reino Unido.

“A epidemia do ébola lembrou-nos a fragilidade existente nos sistemas de saúde da maioria dos países da África Ocidental e a necessidade de promover políticas nacionais e planos de desenvolvimento de melhores condições sanitárias, de água potável e de boas condutas de higiene”, acrescenta a chefe do gabinete Região da África Ocidental da WaterAid. “A comunidade internacional tem de intensificar os esforços, e a sua intervenção deve privilegiar soluções sustentáveis sob a liderança das próprias comunidades. Toda esta linha de ação tem de estar ligada a uma estratégia a longo prazo que assegure que os nossos sistemas de saúde incluem programas de mudanças de comportamentos que fortaleçam as estratégias de prevenção”.

Crianças cada vez mais vulneráveis num cenário de caos e morte

Desde o eclodir do surto do ébola na Guiné Conacri em dezembro de 2013, e a sua propagação para a Libéria e Serra Leoa, tem sido reportado um número crescente de casos, com mais de cinco mil mortos na África Ocidental – o que também tem vindo a tornar as crianças vulneráveis.

“A progressão do vírus do ébola está a afetar toda a gente. Porém, as crianças estão a ficar especialmente vulneráveis, ao testemunharem o caos, a morte, o pânico e até mesmo a estigmatização que têm acompanhado a doença. É importante que todas as estratégias de combate ao ébola incluam respostas que sejam favoráveis às crianças, com a proteção e o bem-estar das crianças como princípios supremos”, frisa por seu lado o vice-diretor regional da Plan International com responsabilidades sobre os planos de combate ao ébola, Damien Queally.

É imperativo que se erga uma enorme vaga internacional de solidariedade a favor dos países afetados pelo surto.

“Alguns países estão a fazer bem mais do que se julgava serem capazes, como foi já demonstrado pela rápida mobilização de profissionais de saúde feita por Cuba, ou o compromisso assumido pela Nigéria de enviar 600 trabalhadores clínicos para o combate ao ébola”, nota a diretora regional da Save the Children, Natasha Quist.

“Milhares de crianças já perderam os pais e outros familiares, e as repercussões sociais, de cuidados de saúde e económicas têm sido devastadoras. Com novos casos a serem confirmados no Mali, a comunidade internacional tem também de aumentar os esforços regionais para obter uma maior consciencialização dos riscos e características da doença, e refrear quanto antes a propagação do surto. A luta está longe de ter chegado ao fim e cada um dos países membros do G20 – e não apenas alguns deles – têm de fazer a sua parte”, prossegue aquela perita.

O líder da equipa de Resposta Operacional da Oxfam International, Vincent Koch, reitera a urgência de ação: “A janela de oportunidade para conseguir controlar a propagação do ébola está a fechar-se muito rapidamente. O G20 tem uma posição privilegiada para fornecer liderança e recursos que são precisos de forma desesperada. Esconderem-se atrás da generosidade de outros é uma conduta inaceitável se queremos dar resposta às necessidades mais urgentes e também garantir a recuperação de toda a região a longo prazo”.

 

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