17 Agosto 2011

 

Os cidadãos do Malawi que decidirem participar nos protestos planeados para 17 de Agosto arriscam-se a serem mortos ou feridos, uma vez que as autoridades vão usar munições reais contra os manifestantes anti-governo, afirmou a Amnistia Internacional.
 
Os protestos ocorrem entre a crescente perseguição e intimidação de activistas e outras vozes dissidentes no Malawi. Em Julho, pelo menos dezoito pessoas foram mortas e dezenas de outras pessoas feridas quando a polícia abriu fogo sobre os manifestantes, em várias cidades do país.
 
“As autoridades do Malawi devem permitir que as pessoas expressem as suas opiniões sem receio de represálias ou detenções arbitrárias”, afirmou Michelle Kagari, Subdirectora do Programa da Amnistia Internacional. 
 
“A polícia deve evitar o uso excessivo da força. Segundo as normas das Nações Unidas, as armas de fogo só devem ser usadas no caso de não existirem outros meios de defesa contra ameaças de morte ou ferimentos graves.”
 
Apesar de alguns dos manifestantes de Julho se terem tornado violentos, a maioria dos participantes nos protestos estavam desarmados. Cerca de 500 pessoas, incluindo defensores dos direitos humanos, foram detidas.
 
Os protestos uniram estudantes, activistas dos direitos humanos e grupos religiosos contra  vários problemas, incluindo legislação repressiva, má governação e escassez de combustível.
 
O governo intensificou as perseguições e a intimidação aos críticos e dissidentes nos últimos meses, abafando a liberdade de expressão e criando um clima de medo.
 
Durante as manifestações de Julho, a polícia escolheu deliberadamente oito jornalistas como alvo, agredindo-os com armas.
 
Activistas dos direitos humanos foram também vítimas de abusos por parte das autoridades. Alguns receberam ameaças de morte, outros foram forçados a esconderem-se. As ameaças aos activistas aparentam ser despoletadas e perpetradas devido ao persistente criticismo por parte de oficiais do governo com altos cargos.
 
Recentemente, o Presidente Bingu wa Mutharika descreveu os protestos de Julho como “trabalho do Satanás” e ameaçou “desmascarar os organizadores”, levando vários defensores dos direitos humanos a procurarem refúgio.
 
A Amnistia Internacional insta novamente as autoridades do Malawi a realizarem imediatamente uma investigação imparcial e minuciosa sobre o uso letal da força durante os protestos de Julho.
 
“Neste momento, uma investigação deste género já está em atraso”, afirmou Michelle Kagari. “Entretanto, apelamos às autoridades do Malawi para limitarem e respeitarem os direitos dos seus cidadãos à liberdade de expressão, associação e reunião. Se os cidadãos do país quiserem exercer o seu direito às manifestações pacíficas, devem ter permissão para o fazerem em segurança.”

Artigos Relacionados