3 Dezembro 2014

Milhões de ativistas e apoiantes da Amnistia Internacional por todo o mundo estão a dar força à maior campanha mundial anual de direitos humanos, formalmente lançada a nível global esta quarta-feira, 3 de dezembro. Em vários países, incluindo Portugal, a Maratona de Cartas corre já em vários eventos e ações mobilizadoras da defesa dos direitos humanos e da solidariedade internacional.

A Maratona de Cartas, que decorre ao longo de semanas, apela aos ativistas para agirem em prol de indivíduos e grupos em risco, num total de 12 casos a nível global – dos quais, quatro em Portugal – que sofrem brutais abusos de direitos humanos, incluindo detenções arbitrárias e tortura.

De todos os cantos do mundo, ativistas vão assinar petições, escrever cartas, organizar eventos, postar tweets e fazer passar no Facebook e noutras redes sociais a mensagem em defesa, entre outros:

  • de Moses Akatugba, que se encontra no corredor da morte de uma prisão na Nigéria, tendo sido detido quando ainda era menor sob suspeitas de roubo à mão armada – um crime que nega ter cometido e pelo qual acabou condenado à pena de morte com base em “confissões” obtidas sob tortura;

  • das raparigas e mulheres de Mkhondo, na África do Sul, que morrem por falta de cuidados de saúde cruciais, conduzindo a uma mortalidade materna naquela região que mais do que duplicou entre 2012 e 2013;

  • de Liu Ping, ativista do Movimento Novos Cidadãos, condenada na China a seis anos e meio de prisão, após ter organizado um evento de apelo ao Governo chinês para fazer mais no combate à corrupção no país;   

  • de Chelsea Manning, que denunciou ao mundo graves violações de direitos humanos mantidas em segredo em documentos classificados e que cumpre atualmente uma pena de prisão de 35 anos nos Estados Unidos.

“A Maratona de Cartas é epítome do que é a Amnistia Internacional: indivíduos que ajudam outros, onde quer que estes estejam. É um evento único e extraordinário que junta milhões de pessoas numa tentativa de alcançar justiça para homens, mulheres e crianças no mundo inteiro”, frisa o secretário-geral da Amnistia Internacional, Salil Shetty. Esta campanha “é uma enorme mostra do poder do protesto pacífico”, prossegue, evocando que “uma só voz pode ser sufocada, mas milhares de vozes juntas garantem que são ouvidas”.

Foi em 2009 que a campanha Maratona de Cartas se realizou pela primeira vez, na Polónia. Desde então, vários ativistas sobre os quais se desenvolveu trabalho durante a campanha foram libertados da prisão, outros viram as suas condições serem melhoradas. Foram também iniciadas investigações em dezenas de casos de detenções arbitrárias e penas injustas, práticas de tortura e outros abusos de direitos humanos.

Sucessos

Após a campanha no ano passado – em que foram assinadas mais de 2.3 milhões de petições em 140 países – foram libertados três ativistas no Camboja e na Rússia, tendo as autoridades daqueles países recebido dezenas de milhares de cartas e apelos de ativistas envolvidos na Maratona de Cartas.

Entre eles, a ativista pelo direito à habitação Yorm Bopha, que fora detida em 2012 depois de participar numa manifestação contra desalojamentos forçados na sua comunidade natal.

Após a sua libertação, Yorm Bopha enviou esta mensagem: “Obrigado a todos os apoiantes da Amnistia Internacional! A vossa campanha teve êxito, como a minha libertação bem o demonstra. Podemos alcançar um muito maior sucesso ao trabalharmos todos juntos!”

E os ativistas russos Vladimir Akimnekov e Mikhail Kosenko foram também libertados da prisão após a pressão exercida em 2013 pelos ativistas da Amnistia Internacional. Tinham sido ambos detidos a par de um terceiro ativista, Artiom Saviolov, e acusados de participarem em “motins maciços” depois de terem participado em manifestações pacíficas na Praça Bolotnaia, em Moscovo, em maio de 2012. Saviolov permanece na prisão, mas deverá ser libertado ainda antes do final deste ano.

“A Maratona de Cartas mostra claramente que é possível obter mudanças concretas quando as pessoas estão determinadas a consegui-lo. Todos os anos os nossos ativistas dão força e coragem a indivíduos cujos direitos humanos estão em risco. Em 2014 estamos uma vez mais decididos a desafiar as injustiças e a mudar vidas”, remata Salil Shetty.

 

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