18 Maio 2011

A Amnistia Internacional afirmou, no dia 18 de Maio, que a descoberta de mais de 500 migrantes em situação irregular e vítimas de tráfico humano, denuncia a falta de protecção adequada para os milhares de migrantes que passam anualmente pelo México.

No dia 17 de Maio, a polícia em Chiapas, no Sul do México, interceptou dois camiões com reboque, onde viajavam 513 migrantes, incluindo 32 mulheres e quatro crianças, oriundos da América Central, Caraíbas e Ásia.

Como consequência desta operação, o escritório do procurador de Estado anunciou a detenção de seis indivíduos por suspeita de tráfico de seres humanos, incluindo os condutores dos camiões.

“O facto das autoridades mexicanas terem interceptado estes camiões e estar em curso uma investigação, é um desenvolvimento positivo. Contudo, as condições miseráveis que os migrantes enfrentam, destacam a vulnerabilidade das dezenas de milhares de migrantes irregulares que passam pelo México todos os anos,” afirmou Susan Lee, Directora do Programa da Amnistia Internacional para as Américas.

“As autoridades mexicanas devem fazer mais para proteger as pessoas que enfrentam uma das viagens mais perigosas de todo o mundo, na esperança de encontrarem uma vida melhor.”

De acordo com fontes oficiais, os migrantes esperavam viajar para os Estados Unidos, onde acordaram pagar 7.000 dólares cada um aos alegados traficantes. Durante a viagem, os emigrantes tinham falta de ar e água, devido à lotação dos camiões – num camião viajavam 240 pessoas e no outro 273.

Dezenas de milhar de migrantes em situação irregular que passam pelo México todos os anos, enfrentam uma série de abusos graves por parte de grupos criminosos organizados, incluindo sequestros, ameaças e assaltos.

A Amnistia Internacional relatou que muitas destas pessoas enfrentam também abusos por parte das autoridades mexicanas, inclusive uso excessivo da força e detenção arbitrária. Devido à condição ilegal dos migrantes, é extremamente difícil processar efectivamente as queixas dos mesmos e os culpados raramente são responsabilizados.

A organização recomendou as autoridades federais mexicanas a estabelecerem um grupo especial para coordenar as acções de protecção aos migrantes em situação irregular no México e responsabilizar os culpados pelos abusos.

“Aos migrantes em situação irregular deve ser permitido denunciar abusos sem receio de deportação ou repatriamento e as autoridades mexicanas devem recolher e divulgar dados oficiais precisos sobre as violações de que estes são vítimas, incluindo mortes violentas e relatos de pessoas desaparecidas”, afirmou Susan Lee.

“As autoridades mexicanas só conseguirão proteger os migrantes das ameaças que enfrentam através de um esforço sério e coordenado.”

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