3 Março 2015

Moses Akatugba continua no corredor da morte de uma prisão na Nigéria apesar de promessas feitas que faziam crer na sua libertação. O fundador da Fundação de Direitos Humanos para o Desenvolvimento Social e Ambiental, Justine Ijeomah, conta aqui, na primeira pessoa, a conversa recente que teve com o jovem nigeriano, as razões pelas quais este não desiste do recurso à sua sentença e a esperança que lhe chegou pelas mãos dos ativistas da Amnistia Internacional. Faz hoje 9 anos que Moses Akatugba foi formalmente acusado em tribunal.

 

 

 

“Eram as palavras pelas quais eu ansiava: ‘O processo de libertação de Moses está em curso’, declarou o governador nigeriano Emmanuel Uduaghan [do estado do Delta do Níger] no ano passado. Foi incrível ouvir aquelas palavras – eu tinha passado 15 meses a trabalhar no caso de Moses Akatugba, agora com 25 anos, e o qual fora torturado ainda em criança e condenado à morte. No ano passado, ativistas da Amnistia Internacional de todo o mundo juntaram-se a mim e juntos enviámos mais de 500.000 mensagens ao governador exigindo justiça. E ele ouvira-nos.

Mas hoje Moses continua numa cela. O seu advogado apresentou um recurso e o governador argumenta que ‘a única forma de podermos avançar é com a retirada desse recurso’. Este argumento é falacioso: em 2010, o governador usou o seu poder para libertar um outro homem que estava a recorrer da sua sentença.

Quando falei recentemente com Moses Akatugba, ele disse-me o que pensa sobre a possibilidade de desistir do recurso: ‘Quando o governador fez aquelas declarações pensei logo que não gosto de tal ideia. Nenhuma pessoa que é condenada à morte vai desistir do recurso. Se o governador quer mesmo libertar-me pode fazê-lo com ou sem o recurso’.

Sei que o governador Emmanuel Uduaghan optou por ignorar várias oportunidades para se encontrar com o advogado de Moses desde aquelas declarações, e tenho rezado para que Deus toque o seu coração. ‘Peço-lhe [ao governador] que tenha misericórdia de mim e que preste atenção ao que gente do mundo inteiro lhe está a dizer em minha defesa’, disse-me Moses.

Moses Akatugba sabe muito bem o que os ativistas da Amnistia Internacional estão a fazer por ele. Quando conversámos, ele descreveu-me o sentimento que tal lhe provoca: ‘Dá-me uma enorme alegria saber que tenho o apoio de tantas pessoas de países diferentes do mundo inteiro. Antes sentia ter perdido toda a esperança, mas isso mudou quando a Amnistia Internacional se envolveu. E aquilo que tenho visto comoveu-me profundamente: os cartões e as mensagens que recebi são muito interessantes. Voltei a ter esperança e é esta esperança que agora me faz continuar. Quando sair da prisão, a primeira coisa que vou fazer é regressar à escola e estudar. A vida na prisão não tem sido fácil. Passo a maior parte do tempo a ler romances e vou à escola da prisão. Também dou aulas de catecismo – sou católico. Mas a prisão é um sítio muito mau, um local onde nunca sentimos nenhum conforto’.

Na minha organização – a Fundação de Direitos Humanos para o Desenvolvimento Social e Ambiental – trabalhei em muitos casos que envolvem a tortura na Nigéria. A minha experiência diz-me que a tortura não ajuda a nada. Pode fazer com que uma pessoa diga coisas sobre as quais não sabe nada. Rezo para que o Governo faça algo para solucionar isto. A tortura tem de parar.”

 

Há cinco meses, o governador Emmanuel Uduaghan comprometeu-se a ajudar Moses Akatugba. Mas Moses continua a precisar da ajuda de todos ainda hoje. Junte-se ao nosso apelo, em que pedimos ao governador do estado nigeriano do Delta para que comute a pena de Moses Akatugba: assine!

#STOP Tortura

 

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