9 Outubro 2015

 

A atribuição do prémio Nobel da Paz ao Quarteto de Diálogo para a Tunísia constitui um devido tributo ao trabalho desenvolvido por esta aliança de organizações tunisinas pelo reforço da sociedade civil e direitos humanos num país que continua ainda a enfrentar o legado de décadas de repressão e abusos, avalia a Amnistia Internacional ao ser conhecida esta sexta-feira, 9 de outubro, a decisão do comité norueguês.

A Amnistia Internacional tem trabalhado com e dado voz à defesa dos direitos de três das quatro organizações que formam o Quarteto, o qual tem estado há décadas na linha da frente da luta pelos direitos humanos dos tunisinos.

“Este é um muito importante reconhecimento do papel crucial que a sociedade civil pode desempenhar num país que está a emergir de anos de ditadura e violações dos direitos humanos”, aponta o secretário-geral da Amnistia Internacional, Salil Shetty. “Estas organizações viveram sob constantes ameaças pelo Governo antes da revolta de 2011, e mostraram uma enorme coragem num clima de intensa repressão. Nos anos difíceis desde então [da Primavera Árabe], mantiveram-se firmes na defesa dos direitos humanos e do Estado de direito”, elogia.

Salil Shetty avança ainda que “com a sombra de ataques por grupos armados que paira sobre a Tunísia, este reconhecimento pelo Comité do Nobel da Paz é um sinal de esperança para um país que enfrenta desafios enormes para o seu futuro”.

A União Geral dos Trabalhadores da Tunísia, que é uma das organizações que integra o Quarteto de Diálogo para a Tunísia, lutou corajosamente por melhores condições de trabalho para os cidadãos, incluindo para as mulheres, num período de gravíssimo desemprego na Tunísia – o que constituiu, de resto, um significativo fator conducente às manifestações maciças de 2011 no país.

Outra das organizações do Quarteto, a Liga dos Direitos Humanos da Tunísia, é um dos mais antigos grupos de defesa de direitos humanos em África e no mundo árabe e sofreu permanente perseguição sob o regime do Presidente Zine al-Abidine Ben Ali, deposto na revolta.

E a Ordem Nacional dos Advogados da Tunísia também, manteve o seu trabalho apesar da repressão e de todas as tentativas do regime em a silenciar.

Em janeiro de 2014, a Tunísia aprovou uma nova Constituição contendo importantes garantias de direitos humanos, apesar de as autoridades continuarem ainda a restringir de forma arbitrária a liberdade de expressão e de reunião dos seus cidadãos.

A Amnistia Internacional foi granjeada com o conceituado prémio Nobel da Paz em 1977.

 

 

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