9 Dezembro 2014

A extensão do período de detenção, por mais 25 dias, de duas mulheres detidas na semana passada quando conduziam os seus carros dá provas da falta de vontade das autoridades da Arábia Saudita em porem fim à discriminação contra as mulheres – quando a Amnistia Internacional insta repetidamente para que a proibição seja afastada.

Loujain al-Hathloul foi detida na fronteira de Al-Batha quando fazia a passagem a conduzir o seu carro vinda dos Emirados Árabes Unidos, a 30 de novembro. E Maysaa al-Amoudi foi detida também na fronteira, no dia seguinte, quando tentava levar uma série de bens essenciais a Loujain al-Hathloul, apesar de ter explicado às autoridades fronteiriças que não pretendia continuar a conduzir assim que entrasse em território saudita.

“Deter mulheres pela simples razão de estarem a conduzir um carro é ridículo. Estas mulheres são prisioneiras de consciência e têm de ser libertadas imediatamente e de forma incondicional”, sustenta o vice-diretor do Programa Médio Oriente e Norte de África da Amnistia Internacional, Said Boumedouha. “Ao recusarem obstinadamente encetar reformas sérias no que toca aos direitos das mulheres, incluindo ser-lhes reconhecido o direito a conduzirem, as autoridades sauditas estão não apenas a expor-se a críticas no palco internacional mas também a destruir por completo qualquer ideia de que haja da sua parte um compromisso verdadeiro em cumprir e fazer cumprir os princípios de igualdade e os direitos humanos”, prossegue o perito.

Os esforços para que a proibição de condução às mulheres seja afastada na Arábia Saudita ganharam algum fôlego nos anos recentes. Dezenas de mulheres têm publicado em várias redes sociais fotografias de si próprias a conduzirem, num desafio aberto à proibição e numa declaração expressa de apoio à campanha espontânea – conhecida como “Campanha de 26 de outubro” – em defesa do direito das mulheres a conduzirem.

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