23 Abril 2015

 

As propostas que constam de um rascunho em discussão na cimeira de chefes de Governo que decorre esta quinta-feira em Bruxelas são lamentavelmente desadequadas e constituem uma resposta vergonhosa à crise no Mediterrâneo que não irá pôr fim à espiral de mortes no mar, avalia a Amnistia Internacional.

Os líderes da União Europeia (UE), de acordo com um documento que foi conhecido esta manhã de 23 de abril, deverão na cimeira, que decorre à tarde, rejeitar os pedidos urgentes feitos no sentido proceder a uma significativa expansão das operações de busca e salvamento no Mediterrâneo. Em vez disso, o rascunho que foi agora conhecido, inclui duplicar a extensão da vigilância de fronteiras da operação Tritão, que patrulham atualmente apenas até 30 milhas náuticas das costas de Itália e de Malta – muito aquém de onde ocorre a maioria das mortes por naufrágio de migrantes e refugiados que fazem aquela travessia rumo à Europa.

A serem adotadas estas medidas, uma tal operação ficará muito aquém do que era feito nas águas do Mediterrâneo na operação Mare Nostrum, que foi suspensa no final do ano passado.

“[Estas medidas propostas nos] documentos que foram conhecidos ficam lamentavelmente longe do que é necessário. Os líderes europeus reunidos em Bruxelas têm uma oportunidade e a responsabilidade de corrigirem os erros colossais que continuam a conduzir às mortes. Duplicar o financiamento da operação Tritão não vai resolver a crise no Mediterrâneo. O que é preciso é uma mudança de objetivos, da área de operações e mais navios e meios aéreos para as buscas e salvamentos”, avança a vice-diretora da Amnistia Internacional para a região da Europa e Ásia Central, Gauri van Gulik.

A perita da organização de direitos humanos frisa ainda que “pôr o enfoque na patrulha das fronteiras da Europa e ignorar a necessidade urgente de salvar aqueles que se estão a afogar é um insulto para os milhares que morreram e uma afronta de enorme insensibilidade a todos os que não têm outra escolha senão a de fazerem esta perigosa viagem”.

 

A Amnistia Internacional tem em curso desde 20 de março de 2014 a campanha “SOS Europa, as pessoas acima das fronteiras“, iniciativa de pressão a nível global para que a UE mude as políticas de migração e asilo, no sentido de minorar os riscos de vida que migrantes, refugiados e candidatos a asilo correm para chegarem à Europa, e garantir que estas pessoas sejam tratadas com dignidade à chegada às fronteiras europeias. Aja connosco! Inste os líderes europeus a porem as pessoas acima das fronteiras, assine a petição.

 

 

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