28 Julho 2015

A confirmação de que as autoridades mexicanas descobriram numerosas valas comuns nos meses recentes, no âmbito das investigações ao desaparecimento de 43 estudantes no estado de Guerrero, espelha uma vez mais a gravidade da crise dos desaparecimentos forçados naquele país, avalia a Amnistia Internacional.

“Estas novas revelações macabras confirmam o que já tínhamos descoberto: que a verdadeira magnitude dos desaparecimentos forçados em Guerrero e em outras partes do México é realmente chocante”, frisa a diretora da Amnistia Internacional para a região das Américas, Erika Guevara-Rosas.

A perita sublinha ainda que “se não fosse a determinação persistente das famílias dos estudantes da Escola de Ayotzinapa, assim como dos defensores de direitos humanos e jornalistas, que exigem uma resposta abrangente das autoridades mexicanas sobre os desaparecimentos forçados, provavelmente não viríamos a saber da existência destas valas comuns e da real dimensão da crise”.

Erika Guevara-Rosas nota que “muito mais tem de ser feito para descobrir e tornar pública a verdade sobre o destino e paradeiro dos 43 estudantes que foram sujeitos a desaparecimento forçado em setembro de 2014, assim como de todos os outros casos por resolver de desaparecimentos forçados no país”. “E isto tem de incluir a criação de uma base de dados de ADN das pessoas desaparecidas e um registo dos desaparecimentos”, explica.

Na sequência de um pedido feito às autoridades mexicanas ao abrigo da lei da liberdade de informação, a agência noticiosa norte-americana AP reportou que o gabinete do Procurador-geral Federal do México admitiu que foram encontradas 60 valas comuns contendo os restos mortais de pelo menos 129 pessoas, desde outubro do ano passado na região sul do estado de Guerrero. Nenhum dos cadáveres, em que se incluíam os de 20 mulheres e de 109 homens, é de qualquer dos 43 estudantes que desapareceram na cidade de Iguala em setembro de 2014.

Uma série de órgãos de comunicação social locais têm vindo a noticiar que outras valas comuns foram descobertas em outros estados do país.

A 23 de julho passado, a Comissão de Direitos Humanos do México publicou um relatório que destaca uma série de irregularidades e falhas na investigação ao desaparecimento dos 43 estudantes da Escola de Ayotzinapa. Aquele relatório avalia que as investigações feitas pelo gabinete do Procurador-geral Federal não dão respostas conclusivas ao caso e sustenta que é necessário continuar a procurar as vítimas.

E o caso dos estudantes de Ayotzinapa é apenas um dos casos emblemáticos numa longa linha de desaparecimentos no México. De acordo com os números oficiais, mais de 25.700 pessoas desapareceram ou estão sem paradeiro conhecido no país nos últimos anos, e quase metade delas durante o atual mandato do Presidente, Enrique Peña Nieto, que tomou posse em 2012.

A Amnistia Internacional mantém uma campanha intensa para que o Governo do México faça todos os esforços para chegar à verdade sobre o que aconteceu com os estudantes de Ayotzinapa, para descobrir o paradeiro destes jovens e para levar à justiça os responsáveis pelos desaparecimentos.

 

Artigos Relacionados