8 Março 2017

Este é o dia certo para declarar: ‘Não vamos esperar pelos nossos direitos!” Quando se assinala mais um Dia Internacional da Mulher, a luta pela igualdade de género ganha uma nova força e milhares de mulheres declaram que não vão continuar à espera que o mundo reconheça, de uma vez por todas, que somos iguais “em dignidade e em direitos”.

Mais 169 anos. É esse o período de tempo que o Fórum Económico Mundial prevê ser preciso para que homens e mulheres sejam remunerados de igual forma. E quantos mais anos serão precisos para acabar com os números que dão conta que 225 milhões de mulheres não podem ainda escolher se, e quando, querem ter filhos?

Quantos mais anos serão necessários para que chegue a zero a percentagem que indica que 35% das mulheres em todo o mundo são vítimas de violência física ou psicológica? Quantos mais dias terão de contar 700 milhões de mulheres que hoje estão vivas e que foram obrigadas a casar antes dos 18 anos?

É altura de dizer: “BASTA!”. Foi isso que fizeram as próximas 7 mulheres cuja coragem é inspiradora. Elas não vão esperar que o mundo mude sozinho. Nós também não. E você?

Loujain al-Hathloul
Ela não vai esperar… pelo direito de conduzir um carro

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© Privado

Destemida. É assim Loujain, que desafiou a proibição de conduzir existente no seu país, a Arábia Saudita, e por isso sofreu as consequências. Em novembro de 2014 esteve detida durante 73 dias por ter colocado um vídeo em direto no Twitter enquanto conduzia dos Emirados Árabes Unidos para a Arábia Saudita.

Mal saiu da prisão, em fevereiro de 2015, Loujain candidatou-se às eleições iranianas. Era a primeira vez que as mulheres podiam votar e ser eleitas no país. Porém, muito embora tenha sido reconhecida como candidata, o seu nome nunca apareceu no boletim de voto. Loujain continua a lutar para que no seu país as mulheres usufruam de todos os direitos enquanto cidadãs.

 

Su Changlan
Ela não vai esperar… enquanto raparigas são roubadas para casar

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© Privado

A história da professora Su Changlan não é, infelizmente, caso único na China. Quando lhe disseram que havia raparigas a serem traficadas para casar ou pais cujas filhas simplesmente desapareciam, Su Changlan não conseguiu ficar indiferente. E foi assim que se tornou ativista.

Da ajuda aos pais para encontrarem as suas filhas, passou a lutar pelo direito à habitação, tendo ainda feito parte das manifestações pró-democracia que aconteceram em Hong Kong. Su Changlan sabia que com tudo isto podia pôr em causa a sua própria liberdade. E isso acabou por acontecer. Desde 2015 que a ativista está atrás das grades na China.

 

Connie Greyeyes
Ela não vai esperar… pelo desaparecimento de mais uma irmã

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© Amnesty International Canada

Ativista “por acidente”. É assim que podemos descrever Connie Greyeyes, uma indígena da comunidade Cree da Colúmbia Britânica, Canadá. Quando Connie soube que um número chocante de mulheres indígenas estavam a desaparecer ou a ser assassinadas, começou a apoiar as famílias das vítimas e a exigir às autoridades canadianas a abertura de um inquérito a nível nacional.

Os dados oficiais apontam para mais de 1 000 mulheres indígenas dadas como desaparecidas ou assassinadas no Canadá nas últimas três décadas. Porém, são precisos dados mais concretos e, muito graças à pressão feita por Connie e outras mulheres indígenas, o governo do país anunciou em 2016 que vai abrir uma investigação.

 

Karla Avelar
Ela não vai esperar… enquanto continuam a ser negados direitos aos refugiados

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© comcavis

Uma verdadeira sobrevivente, Karla Avelar escapou a ataques por parte de gangues, a tentativas de assassinato e à prisão. Em El Salvador, a sua terra natal, dirige agora a Comcavis Trans, que apoia a comunidade LGBTI (lésbica, gay, bissexual, transgénero e intersexual). No país estas pessoas são com frequência alvo de violência e ameaças.

A situação é de tal forma perigosa que muitos optam por fugir e pedir asilo como refugiados. A viagem tem muitas vezes como destino os Estados Unidos da América e o México. Porém, a nova ordem executiva de Donald Trump acaba por deixar estas pessoas numa situação ainda mais complicada. Karla não vai permitir que o acesso seja barrado e está já a combater a ordem executiva do Presidente norte-americano com a energia que lhe é característica.

 

Samira Hamidi
Ela não vai esperar… enquanto as mulheres continuam excluídas do governo

Site 199237 Samira
© Barry Batchelor/PA

Samira Hamidi está a abrir caminho para as mulheres do Afeganistão, a sua terra natal. Enquanto presidente da Rede de Mulheres Afegãs (AWN na sigla inglesa) tem tentado ativamente assegurar-se que as mulheres têm uma voz ativa no governo e que as suas preocupações são representadas ao mais alto nível.

Ao mesmo tempo, Samira tem sido uma forte ativista a nível internacional, recordando governos e todos os que querem ajudar o Afeganistão com ajuda humanitária que das negociações com as autoridades afegãs deve fazer parte a exigência do respeito pelos direitos das mulheres. O caminho a trilhar é tortuoso, mas Samira continua sem receios a estimular outras mulheres defensoras de direitos humanos a garantirem que as suas preocupações são ouvidass.

 

Jeanette John Solstad Remø
Ela não vai esperar… pelo direito de ser mulher

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© KRB/AI

Até há bem pouco tempo o seu nome era John Jeanette, o que mostrava bem a dupla identidade que as autoridades da Noruega queriam que mantivesse. Ela tinha a certeza que era mulher, mas a lei do seu país não permitia a mudança do género com que erradamente nasceu sem que houvesse uma mudança real do seu órgão sexual e um diagnóstico psiquiátrico.

Jeanette recusou e, por isso, a sua imagem exterior contrastava com os documentos de identificação, com as prescrições médicas, com o cartão da biblioteca. Todos eles continuavam a dizer que era um homem. Foi por isso que começou uma campanha intensiva contra a abusiva lei norueguesa – à qual a Amnistia Internacional se juntou. Em 2016 o país adotou finalmente uma lei que reconhece às pessoas transgénero o direito a escolherem o seu género. Hoje John Jeanette escolheu ser Jeanette John – e hoje pode sê-lo.

 

Narges Mohammadi
Ela não vai esperar… até mais uma mulher ser desfigurada num ataque com ácido

Site NargesFilhos 300
© Privado

Apaixonada pelos direitos humanos, Narges começou por atuar contra os ataques com ácido de que várias mulheres são alvo no seu país, o Irão. Mas esta foi só uma das muitas causas que abraçou. Entre outras está a luta pela abolição da pena de morte existente no país. Por se atrever a falar, Narges está a pagar um preço bem alto: cumpre uma pena de 22 anos de prisão.

Em 2016 começou uma greve de fome quando recusaram que falasse ao telefone com os seus dois filhos pequenos que vivem em França com o pai. Agora já podem falar uma vez por semana, mas continuam a ter de viver sem a mãe ao seu lado. Narges escreveu recentemente da prisão: “Numa terra onde ser mulher, ser mãe e ser defensor de direitos humanos é difícil só por si, ser as três coisas é um crime imperdoável”.

Todas estas 7 mulheres resolveram declarar que não vão esperar mais. Nós também não…

E você? Junte-se a nós agora.

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