O que é a Pena de Morte

A pena de morte é um procedimento legal em que o Estado de um país condena uma pessoa à morte como punição por um crime.

Todos os dias são executadas pessoas por ordem do Estado como castigo por uma variedade de crimes. A pena de morte é aplicada, em alguns casos, por atos que não deviam ser criminalizados. A pena de morte é a negação dos direitos humanos. Condenar alguém à morte é negar-lhe o direito à vida – direito consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Artigo 3º, Declaração Universal dos Direitos Humanos

Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Fonte: Declaração Universal dos Direitos Humanos

 

Países que ainda permitem a pena de morte

Até 2022, 112 países aboliram por completo a pena de morte e 87 ainda mantêm a não abolição. Dos 87 países sem abolição, 55 retêm a pena de morte na lei do seu país.

Contudo, 11 países persistentemente executaram pessoas nos últimos 5 anos (até 2022). Esses países encontram-se a amarelo no mapa da imagem infra (China, Coreia do Norte, Vietname, Irão, Iraque, Arábia Saudita, Iémen, Somália, Sudão, Egipto e Estados Unidos da America).

Países Com Execuções Nos últimos 5 Anos Até 2022

Alguns países executam pessoas que tinham menos de 18 anos quando cometeram o crime, outros usam a pena de morte contra pessoas que sofrem de problemas mentais.

Antes das pessoas morrerem, costumam ficar presas durante anos nos corredores da morte. Sem saberem quando é a data da sua execução, ou se irão ver as suas famílias uma última vez.

 

Tabela de Países e estado atual

Clique na tabela para visualizar todos os países

Países

Estado atual de Pena de Morte (2022)

India Legal
China Legal
United States Legal
Indonesia Legal
Pakistan Legal
Nigeria Legal
Brazil Casos extremos
Bangladesh Legal
Russia Suspenso
Ethiopia Legal
Mexico Abolido
Japan Legal
Philippines Abolido
Egypt Legal
DR Congo Legal
Vietnam Legal
Iran Legal
Turkey Abolido
Germany Abolido
Thailand Legal
Tanzania Suspenso
United Kingdom Abolido
France Abolido
South Africa Abolido
Italy Abolido
Kenya Suspenso
Myanmar Suspenso
Colombia
South Korea Suspenso
Uganda Legal
Sudan Legal
Spain Abolido
Iraq Legal
Algeria Suspenso
Argentina Abolido
Afghanistan Legal
Poland Abolido
Canada Abolido
Morocco Suspenso
Ukraine Abolido
Angola Abolido
Saudi Arabia Legal
Uzbekistan Abolido
Yemen Legal
Mozambique Abolido
Ghana Suspenso
Peru Casos extremos
Malaysia Legal
Nepal Abolido
Madagascar Abolido
Ivory Coast Abolido
Venezuela
Cameroon Suspenso
Niger Suspenso
Australia Abolido
North Korea Legal
Syria Legal
Mali Suspenso
Taiwan Legal
Burkina Faso Casos extremos
Sri Lanka Suspenso
Malawi Suspenso
Zambia Suspenso
Kazakhstan Casos extremos
Chile Casos extremos
Romania Abolido
Chad Abolido
Somalia Legal
Ecuador
Guatemala Casos extremos
Senegal Abolido
Netherlands Abolido
Cambodia
Zimbabwe Legal
Guinea Abolido
Rwanda Abolido
Benin Abolido
Burundi Abolido
Bolivia Abolido
Tunisia Suspenso
Haiti Abolido
Belgium Abolido
Dominican Republic
Jordan Legal
South Sudan Legal
Cuba Legal
Honduras
Sweden
Papua New Guinea Abolido
Czech Republic Abolido
Azerbaijan Abolido
Tajikistan Suspenso
Greece Abolido
Portugal Abolido
Hungary Abolido
United Arab Emirates Legal
Belarus Legal
Israel Casos extremos
Togo Abolido
Sierra Leone Abolido
Austria
Switzerland Abolido
Laos Suspenso
Hong Kong Abolido
Nicaragua Abolido
Serbia Abolido
Libya Legal
Paraguay Abolido
Kyrgyzstan Abolido
Bulgaria Abolido
Turkmenistan Abolido
El Salvador Casos extremos
Republic of the Congo Abolido
Singapore Legal
Denmark Abolido
Central African Republic Suspenso
Slovakia Abolido
Finland
Liberia Suspenso
Norway Abolido
Palestine Legal
New Zealand Abolido
Costa Rica
Lebanon Legal
Ireland Abolido
Mauritania Suspenso
Oman Legal
Panama
Kuwait Legal
Croatia Abolido
Eritrea Suspenso
Georgia Abolido
Mongolia
Uruguay
Moldova Abolido
Bosnia and Herzegovina Abolido
Gambia Legal
Albania Abolido
Jamaica Legal
Armenia Abolido
Qatar Legal
Botswana Legal
Lithuania Abolido
Namibia Abolido
Gabon Abolido
Lesotho Legal
Guinea-Bissau Abolido
Slovenia Abolido
North Macedonia
Latvia Abolido
Equatorial Guinea Casos extremos
Trinidad and Tobago Legal
Bahrain Legal
Timor-Leste Abolido
Estonia Abolido
Mauritius Abolido
Cyprus Abolido
Eswatini Suspenso
Djibouti Abolido
Fiji Abolido
Comoros Legal
Guyana Legal
Bhutan Abolido
Solomon Islands
Luxembourg Abolido
Suriname Abolido
Montenegro Abolido
Cape Verde Abolido
Malta Abolido
Maldives Suspenso
Brunei Suspenso
Belize Legal
Bahamas Legal
Iceland
Vanuatu
Barbados Legal
Sao Tome and Principe Abolido
Samoa Abolido
Saint Lucia Legal
Kiribati
Grenada Suspenso
Micronesia
Tonga Suspenso
Seychelles Abolido
Saint Vincent and the Grenadines Legal
Antigua and Barbuda Legal
Andorra Abolido
Dominica Legal
Saint Kitts and Nevis Legal
Marshall Islands
Liechtenstein Abolido
Monaco
San Marino
Palau
Cook Islands
Nauru Abolido
Tuvalu
Niue
Vatican City

A pena de morte não é solução para a violência. É sintoma de uma cultura de violência.

#PenaDeMorteNAO

A pena de morte em Portugal

Historicamente, Portugal foi um dos primeiros países na Europa a abolir a pena de morte, progressivamente.

Desde 1852 para crimes políticos e 1867 para crimes civis, exceto por traição durante a guerra. No entanto, a pena de morte ainda permanecia no Código de Justiça Militar.

A primeira Constituição da República Portuguesa, promulgada em agosto de 1911, consagrou a abolição total da pena de morte para todos os crimes, incluindo os militares. No entanto, durante a Primeira Grande Guerra, em 1916, a pena de morte foi readmitida para traição, mas apenas no contexto de guerra com país estrangeiro e no teatro de operações.

Finalmente, em 1976, a Constituição da República Portuguesa aboliu definitivamente a pena de morte em Portugal.

Artigo 21º, Constituição da República Portuguesa

1. A vida humana é inviolável.
2. Em caso algum haverá pena de morte.

Fonte: Constituição da República Portuguesa

A última execução por pena de morte em Portugal aconteceu a 16 de Setembro de 1917 a um militar por um crime de guerra durante a 1ª Guera Mundial (executado em França).

 

Argumentos da pena de morte e contra-argumentos

Argumento #1 

Os assassinos pensam duas vezes antes de cometer um crime se tiverem que enfrentar a pena de morte. 

Argumentação: 

Não é certo. Não há evidências conclusivas de que a pena de morte dissuade o crime de forma mais eficaz do que as sentenças de prisão. De facto, em países onde a pena de morte foi proibida, os números de crimes e assassinatos não aumentaram. Em alguns casos, a realidade é que diminuíram. Por exemplo, no Canadá, onde a taxa de homicídios em 2008 era menos da metade da verificada em 1976, quando a pena de morte foi abolida no país. Taxa muito inferior à do seu país vizinho, os Estados Unidos da América, um dos defensores históricos da pena de morte. 

 

Argumento #2 

“Se a maioria da população o pede, por alguma razão é.” 

 

Argumentação: 

O forte apoio público à pena de morte costuma ser acompanhado pela falta de informação fidedigna: muitas vezes, acredita-se que a pena capital reduz o crime, e muitos governos são rápidos em promover essa crença errada, mesmo que não haja evidências para sustentar. Os fatores fundamentais subjacentes à forma como a pena de morte é aplicada geralmente não são compreendidos, incluindo o risco de execução de uma pessoa inocente, a falta de garantias processuais nos julgamentos e a natureza discriminatória da pena de morte, todos os quais contribuem para ter uma opinião verdadeiramente informada sobre a pena de morte. Além disso, a História está repleta de violações de direitos humanos que foram apoiadas pela maioria da população, mas que depois foram consideradas terríveis: a escravidão era legal, a segregação racial e os linchamentos eram legais … e felizmente deixaram de sê-lo. Continuamos a acreditar que a humanidade evolui. Assim sendo, por que não acreditar e lutar por um mundo onde executar alguém seja ilegal? 

 

Argumento #3 

“Todas as pessoas executadas são consideradas culpadas de crimes graves. 

 

Argumentação: 

Errado … novamente. Diariamente, homens, mulheres, inclusive menores, aguardam execução no corredor da morte. Independentemente do crime que cometeram, sejam culpados ou inocentes, um sistema de justiça que valoriza a punição mais do que a reabilitação, impossibilita-os de viver. Enquanto o prisioneiro estiver vivo, ele manterá a esperança de reabilitação ou absolvição caso seja posteriormente declarado inocente. E como se isso não bastasse, ainda há mais factos:. nos Estados Unidos da América, 167 pessoas foram exoneradas desde 1973 após terem sido consideradas inocentes. Se em quase cinquenta anos, quase duzentas pessoas escaparam por pouco do corredor da morte, não posso deixar de pensar que certamente outras não o fizeram. 

 

Argumento #4 

“Se executassem os terroristas, acabariam com o terrorismo.” 

 

Argumentação: 

Existem países que recorrem frequentemente à pena de morte na sequência de ataques violentos, procurando assim mostrar que estão a fazer algo para “proteger” a segurança nacional. Mas é improvável que a ameaça de execução impeça homens e mulheres que estão previamente dispostos a morrer pelas suas crenças, como homens-bomba. No entanto, é muito provável que as execuções criem mártires cuja memória se torna um motivo de reivindicação para as suas organizações. 

 

Argumento #5 

“É melhor executar uma pessoa do que prendê-la para sempre. 

 

Argumentação: 

O custo económico da pena de morte não é uma questão trivial. Segundo dados publicados pelo Centro de Informações sobre a Pena de Morte dos Estados Unidos, recolhidos em diversos estudos, os custos de uma execução superam em muito os de uma prisão perpétua. Por exemplo, na Califórnia, uma execução custa mais 114 milhões de dólares do que manter uma pessoa presa. Então… eliminar a pena de morte pode até ser bom para a economia. Quem diria! 

 

Argumento #6 

“As vítimas de crimes violentos e seus familiares também têm direito à justiça 

 

Argumentação: 

Claro! As pessoas que perderam entes queridos em crimes terríveis têm o direito de ver o responsável ser julgado com justiça, mas sem recurso à pena de morte. Ser contra a pena de morte não significa ser contra a justiça ou minimizar e aceitar o crime, mas, como disseram muitas famílias que perderam entes queridos: “a pena de morte não alivia o sofrimento. Simplesmente estende aquele sofrimento à família do condenado ”. 

 

A pena de morte em números

Em 2022, em todo o mundo existiam registadas como sentenciadas à pena de morte, pelo menos, 28 282 pessoas.

A Amnistia Internacional registou 883 execuções em 20 países em 2022, o que representa um aumento de 53% face às 579 registadas em 2021.

A China continuou a ser o principal carrasco do mundo, mas a verdadeira extensão do uso da pena de morte neste país permanece desconhecida, uma vez que estes dados permanecem classificados como segredo de Estado. O número global registado pela Amnistia Internacional exclui os milhares de execuções que se acredita terem sido realizadas na China, bem como as realizadas no Vietname e na Coreia do Norte, onde a Amnistia Internacional acredita que a pena de morte foi amplamente aplicada.

As execuções mais conhecidas ocorreram na China (1000), no Irão (pelo menos 576), na Arábia Saudita (196), no Egito (24) e nos EUA (18).

Em 2022, 93% das execuções globais conhecidas (excluindo a China) foram realizadas no Médio Oriente e no Norte de África.

As 196 execuções registadas na Arábia Saudita foram o maior total anual conhecido para este país em 30 anos.

Sabe-se que 13 mulheres foram executadas no mundo: Irão (12) e Arábia Saudita (1).

Número De Sentenças

 

A pena de morte viola os direitos humanos

A pena de morte viola dois direitos humanos essenciais: o direito à vida e o direito a viver livre de tortura. Ambos os direitos estão protegidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela ONU em 1948.

As seguintes leis internacionais banem explicitamente o uso da pena de morte, exceto durante os períodos de guerra:

  • O Segundo Protocolo Adicional ao Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos
  • O Protocolo n.º 6 à Convenção Europeia dos Direitos Humanos
  • O Protocolo à Convenção Americana sobre Direitos Humanos referente à Abolição da Pena de Morte.

A Convenção Europeia sobre Direitos Humanos (Protocolo n.º 13) proíbe o uso da pena de morte em qualquer circunstância, mesmo durante guerra.

Embora o direito internacional diga que a pena de morte pode ser usada para os crimes mais graves, como o homicídio, a Amnistia acredita que a pena de morte nunca será a resposta.

 

Pena de morte e cartazes

O que está errado na pena de morte

A pena de morte é a negação dos direitos humanos. Condenar alguém à morte é negar-lhe o direito à vida – direito consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

É irreversível e os erros acontecem. A execução é um castigo definitivo e irrevogável: haverá sempre algum risco de executar uma pessoa inocente. Desde 1973, por exemplo, 150 presos norte-americanos enviados para o corredor da morte foram posteriormente exonerados. Outros foram executados apesar de existirem sérias dúvidas sobre se eram ou não culpados.

Não impede o crime. Os países que executam costumam citar a pena de morte como uma forma de impedir as pessoas de cometerem crimes. Esta afirmação foi desacreditada repetidamente e não há provas de que a pena de morte seja mais eficaz na redução do crime do que a pena de prisão.

É muitas vezes usada em sistemas judiciais distorcidos. Alguns dos países que executam mais pessoas possuem sistemas legais profundamente injustos. Os três países que aplicam a execução mais vezes – China, Irão e Arábia Saudita – emitiram sentenças de morte na sequência de julgamentos injustos. Muitas sentenças de morte são emitidas depois de “confissões” obtidas sob tortura.

É discriminatória. Há mais probabilidade de ser condenado à morte se se for pobre ou pertencer a uma minoria racial, étnica ou religiosa devido à discriminação persistente no sistema judicial. Do mesmo modo, grupos pobres e marginalizados têm menos acesso aos recursos legais de que precisam para se defender.

É usada como ferramenta política. As autoridades em alguns países, como o Irão e a Arábia Saudita, usam a pena de morte para punir os seus opositores políticos.

O que queremos

  • Que os países que ainda usam a pena de morte parem imediatamente todas as execuções.
  • Que os países que já pararam de executar pessoas retirem este castigo dos seus sistemas jurídicos para todos os crimes, de forma permanente.
  • Que todas as sentenças de morte sejam convertidas em sentenças de prisão.

 

 

Ações

Paquistão: Casal cristão condenado à morte por blasfémia (petição encerrada)
Até 7 Junho 2021

Paquistão: Casal cristão condenado à morte por blasfémia (petição encerrada)

658 PESSOAS JÁ AGIRAM.
Assinar Petição
Condenado à morte aos 15 anos (petição encerrada)

Condenado à morte aos 15 anos (petição encerrada)

28346 PESSOAS JÁ AGIRAM.
Assinar Petição

Artigos Relacionados

Bem-vind@ à Amnistia Internacional Portugal!

Junta-te a nós!