12 Junho 2013

Os protestos na Turquia continuarão a escalar a menos que as autoridades aceitem dialogar com os ativistas, diz a Amnistia Internacional após os distúrbios da manhã de dia 11 de junho onde, mais uma vez, foram usados gás lacrimogénio e canhões de água contra manifestantes pacíficos na Praça Taksim e no Parque Gezi.

Numa declaração aos meios de comunicação, o governador de Istambul, disse que a intervenção na Praça Taksim tinha como objetivo retirar os banners da Estatua de Atatürk e do Centro Cultural Atatürk, que fica na praça, e que a polícia não interviria no Parque Gezi.

“Os protestos na Praça Taksim e no parque Gezi têm sido completamente pacíficos e têm o direito de continuar. A intervenção das autoridades só devia acontecer por razões legítimas – esperar a retirada de banners simplesmente não é uma justificação adequada,” diz Andrew Gardner, investigador da Amnistia Internacional para a Turquia e que está presentemente em Istambul. 

A Amnistia também teve conhecimento que 72 advogados foram presos por volta do meio-dia, hora local, quando se preparavam para fazer uma declaração sobre a situação no Parque Gezi, no Tribunal Çaolayan. Foram inicialmente mantidos dentro do Tribunal e depois levados para a esquadra da polícia de Vatan.

Desde o início dos protestos, há duas semanas, houve relatos de milhares de manifestantes pacíficos feridos em resultado da intervenção da polícia. Três pessoas já morreram no decurso dos protestos: uma devido a uso excessivo da força e duas pessoas, incluindo um polícia, na sequência de acidentes.

A Associação Turca de Médicos revelou que há mais baixas em resultado do ataque de hoje da polícia aos manifestantes. Os feridos incluem nove pessoas atingidas por balas de plástico, vários membros partidos, vários casos de traumatismos cranianos e torácicos e uma fratura craniana.

“Em vez de continuar a reprimir os ativistas pacíficos, as autoridades turcas deveriam começar a investigar as ações da polícia e levar à justiça os responsáveis pelos abusos chocantes que temos visto nas duas últimas semana,” diz Gardner.

Declarações do Primeiro-ministro farão aumentar a violência

Na noite de dia 11 de junho o Primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou num discurso na televisão, que não iria tolerar mais os protestos. Após a transmissão destas declarações os observadores da Amnistia Internacional relataram o lançamento de, pelo menos, 30 projeteis de gás lacrimogénio no Parque Gezi.

“O Primeiro-ministro tentou terminar os protestos por decreto – não é assim que funciona a liberdade de reunião – e por isso deve ser responsabilizado pessoalmente pela violência que se seguiu às suas palavras. Os protestos pacíficos devem ser respeitados e a comunidade internacional deve pressionar o Primeiro-ministro a mudar de atitude de forma e evitar um banho de sangue,” diz Andrew Gardner.

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