As forças ucranianas e rebeldes devem cessar de imediato todos os ataques indiscriminados contra áreas residenciais, apela quarta-feira, 1 de outubro, a Amnistia Internacional, depois de pelo menos nove civis terem perdido a vida em ataques a uma escola e a um autocarro em Donetsk, no Leste da Ucrânia.

Os ataques confirmam o que a Amnistia Internacional tem documentado na região nos últimos 10 dias: um padrão de bombardeamentos e ataques indiscriminados pelas forças ucranianas e rebeldes. “As forças governamentais ucranianas devem parar imediatamente de disparar sobre zonas residenciais”, insta o diretor do programa para a Europa e Ásia Central da Amnistia Internacional, John Dalhuisen.

O responsável acusa as “forças ucranianas e rebeldes de violarem a lei humanitária internacional ao colocarem em perigo civis com ataques indiscriminados. Todos os ataques têm de ser dirigidos apenas a combatentes”, reforça a Amnistia Internacional. “Os ataques que estão a ser feitos são ilegais, porque as forças ucranianas usam armas, em zonas populacionais, que não conseguem distinguir com precisão suficiente os alvos civis dos militares”.

Numa visita realizada domingo, 28 de setembro, ao distrito de Kievskiy, uma zona residencial de grande dimensão que faz fronteira com o aeroporto de Donetsk, os delegados da Amnistia Internacional ao país encontraram uma peça de artilharia de grandes dimensões, pertencente aos rebeldes, colocada no meio de uma rua residencial, a menos de 10 metros de uma habitação.

“Ao colocarem alvos militares em zonas residenciais, as forças rebeldes não estão a tomar todas as precauções possíveis para proteger os civis, colocando-os em perigo e violando, assim, as leis da guerra”, denuncia John Dalhuisen. “Ao realizarem operações militares em bairros, as forças rebeldes partilham com as forças ucranianas a responsabilidade pelos últimos ataques”.

Há ainda relatos que dão conta de um edifício da autarquia local e de várias casas terem também sido atingidos no distrito de Kievskiy. Nos últimos 10 dias a Amnistia Internacional encontrou várias provas de ataques indiscriminados realizados por combatentes rebeldes que atingiram zonas civis em Debaltseve, a norte de Donetsk, e Avdiivka, a norte do aeroporto de Donetsk.

Ambas as partes em conflito usam rockets Grad, um sistema de lançamento que dispara vários projéteis em simultâneo. Notoriamente impreciso, não devia ser utilizado em zonas civis. Ambas são responsáveis por um padrão de ataques indiscriminados contra zonas populacionais, matando e ferindo civis e destruindo as suas casas.

É importante relembrar que “todas as partes num conflito devem tomar todas as precauções possíveis na escolha dos meios e métodos de fazer a guerra, procurando evitar, e a todo o custo minimizar, a perda acidental de vidas civis, ferir civis e danificar objetos civis”, conclui John Dalhuisen.