20 Março 2013

As violações dos direitos humanos na Costa do Marfim são alimentadas pelo comércio irresponsável de armamento e munições, usados tanto pelas forças apoiantes do ex-presidente Gbagbo, como pelo exército nacional (FRCI) e milícias apoiadas pelo governo do atual Presidente Alassane Outtara.

As transferências de armas para o país em conflito continuaram a ocorrer mesmo depois do embargo da ONU em 2004, sublinha o novo relatório da Amnistia Internacional.

“A Costa do Marfim mostra como mesmo um embargo da ONU pode falhar no bloqueio das transferências de armas para dois grupos em conflito, com consequências devastadoras para a população”, alerta o secretário-geral da Amnistia Internacional, Salil Shetty.

O relatório “Communities shattered by arms proliferation and abuse in Côte d’Ivoire” surge na semana em que se discute o texto final do Tratado de Comércio de Armas na sede da ONU, em Nova Iorque, e representa mais uma prova de como é essencial alcançar um tratado eficaz que tenha em conta o respeito pelos direitos humanos e pelo direito internacional humanitário.

Angola, Bielorrússia, Bulgária, China, Israel e Ucrânia são alguns dos países mencionados no relatório como tendo fornecido armas à Costa do Marfim depois da separação do país em 2002, altura em que o governo de Gbagbo iniciou uma escalada ao armamento. Do lado das forças da oposição, tudo indica que as atuais forças governamentais, que apoiam Alassane Outtara, receberam armas de origem chinesa, russa e polaca. A Amnistia Internacional documentou provas de que as armas recebidas neste período contribuíram para alimentar o conflito político que se intensificou no início de 2011, após as eleições presidenciais.

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