9 Março 2023

A Amnistia Internacional – Portugal juntou-se à Marcha do Dia Internacional da Mulher que se realizou ontem, 8 de março, em vários locais do país.

Perante a violência contra mulheres e raparigas e as incessantes violações de direitos humanos que continuamos a testemunhar a nível global, a Amnistia Internacional saiu à rua para unir as suas vozes a milhares de outras, apelando a que os direitos das mulheres sejam uma realidade universal. Durante o ano de 2022, foram evidentes as ameaças, as restrições e os ataques contra as mulheres, especialmente as mulheres defensoras de direitos humanos.

A Amnistia Internacional relembra que, no Irão, as mulheres têm corajosamente mantido as manifestações contra a repressão generalizada, as execuções extrajudiciais e a desigualdade que enfrentam. Mais recentemente, foram também realizados ataques com gás químico contra estudantes nas escolas iranianas. As autoridades falharam na prevenção destes envenenamentos e muitas raparigas necessitaram posteriormente de assistência médica. Esta tentativa de eliminar a educação da vida das raparigas, restringindo severamente o seu futuro, foi perpetuada também no Afeganistão, onde os talibãs estão a proibir as estudantes de assistirem ao ensino secundário e fases de estudo sequentes.

É por tudo isto que a organização focou a sua ação deste dia 8 de março na defesa e solidariedade para com as mulheres iranianas. A organização uniu-se às marchas a acontecer em vários pontos do país, como em Lisboa, Leiria, Coimbra e Porto. Em Estremoz, foi organizada uma tertúlia sobre os direitos das mulheres, com especial foco no caso de Yasaman Aryani e a sua mãe, defensoras dos direitos das mulheres iranianas, libertadas após 4 anos de prisão injusta.

“Em 2023, as mulheres e raparigas continuam a enfrentar desafios contínuos no usufruto dos seus direitos e liberdades. O Irão tem sido palco de constantes restrições à sua liberdade de manifestação e de expressão, estando atualmente a dificultar o acesso à educação a mulheres e raparigas. É fundamental estar atento ao que se passa em território iraniano, relembrando a comunidade internacional que deve manter e honrar o seu compromisso de apoio aos direitos das mulheres no país. Nesta Marcha do Dia Internacional da Mulher, celebraremos todas as mulheres, homenageando de forma especial a coragem, força e determinação das mulheres iranianas”, relembra Paulo Fontes, diretor de campanhas da Amnistia Internacional – Portugal.

“Nesta Marcha do Dia Internacional da Mulher, celebraremos todas as mulheres, homenageando de forma especial a coragem, força e determinação das mulheres iranianas”

Paulo Fontes

Noutros lugares do mundo, as mulheres ainda enfrentam sérios riscos, como violência sexual e violência baseada no género. O conflito em solo ucraniano tem trazido às mulheres efeitos nocivos sobre a sua saúde mental, física, sexual e reprodutiva, especialmente sobre aquelas que testemunham e vivem a guerra na linha da frente. Por sua vez, no Congo, a Amnistia Internacional documentou a violência sexual perpetrada pelos membros do grupo rebelde do Movimento 23 de Março contra dezenas de mulheres e raparigas no leste do país. Casos semelhantes multiplicam-se em diversos países.

No entanto, apesar de todos os desafios, a Amnistia Internacional também não esquece as vitórias alcançadas em 2022, destacando a libertação de Yasaman Aryani e a sua mãe, após quatro anos de prisão injusta. Em 2019, no Dia Internacional da Mulher, Yasaman e a mãe distribuíram flores brancas numa carruagem de metro em Teerão, exclusiva para mulheres, sem utilizarem o lenço islâmico, obrigatório no país. Yasaman publicou um vídeo do momento, que se tornou viral no próprio dia, onde falou da esperança num futuro em que todas as mulheres pudessem ter liberdade de escolher o que vestir. Foram condenadas a 16 anos de prisão em julho do mesmo ano, tendo saído em liberdade a 15 de fevereiro de 2023.

 

Marcha em Lisboa:

Amnistia Internacional – Portugal com a comunidade iraniana

 

Amnistia Internacional – Portugal

 

Amnistia Internacional – Portugal

 

Amnistia Internacional – Portugal

 

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