14 Agosto 2012

As autoridades somalis e a comunidade internacional devem agir para pôr fim à impunidade dos homicídios de trabalhadores dos media, afirma a Amnistia Internacional, na sequência da morte de dois jornalistas em incidentes separados na capital, Mogadishu, este fim-de-semana.

Yusif Ali Osman, ex-jornalista e funcionário no Ministério da Informação da Somália, foi assassinado a tiro no distrito de Dharkenley, na capital, domingo de manhã, por dois jovens que alegadamente vestiam uniformes escolares.

Outro jornalista, Mohamoud Ali Keyre (Buneyste), foi morto por balas perdidas durante um confronto entre tropas governamentais no distrito de Yaqshid na mesma tarde.

As mortes de ontem elevam a dez o número de trabalhadores dos media assassinados na Somália desde dezembro de 2011. Ninguém foi levado à justiça nem responsabilizado pelos homicídios de jornalistas na Somália este ano, nem em anos anteriores.

“O Governo Transicional Federal (GTF) da Somália deve urgentemente iniciar uma investigação exaustiva aos homicídios de jornalistas e trabalhadores dos media no país, deve levar os responsáveis à justiça e assegurar que haja uma resposta às contínuas ameaças às vidas dos jornalistas”, afirma Bénédicte Goderiaux, investigador da Somália da Amnistia Internacional.

“O GTF, porém, não mostrou qualquer vontade de resolver os homicídios. A comunidade internacional devia estabelecer uma comissão de inquérito independente para investigar e documentar crimes de direito internacional cometidos na Somália, incluíndo o homicídio de jornalistas”.

Yusuf Ali Osman era o Diretor da estação de rádio do governo, Rádio Mogadishu, antes de ter começado a trabalhar para o Ministério da Informação.

O grupo armado islâmico al-Shabab assumiu alegadamente a responsabilidade pela sua morte, chamando-lhe um inimigo que trabalhava para o GTF.

O assassinato de Mohamoud Ali Kevre ocorreu quatro dias após membros do GTF terem assinado o Plano Nacional de Segurança e Estabilização, que, entre outros problemas, pretende resolver os problemas relacionados com a falta de disciplina e a cadeia de comando nas forças de segurança do GTF.

Mouhamoud Ali Kevre trabalhava para a estação de rádio Rádio Hamar (Voz da Democracia), mas em anos recentes trabalhava para websites somali sediados na capital do Quénia, Nairobi.

As suas mortes seguem uma série de outras mortes recentes de trabalhadores dos media na Somália.

No início deste mês, o comediante Abdi Jeylani Malaq “Marshale” foi morto a tiro por dois homens armados quando entrava em sua casa, no distrito de Waberi, em Mogadishu.

Embora o motivo do seu homicídio não seja claro, Abdi Jeylani Malaq “Marshale” tinha produzido e transmitido programas satíricos para a Rádio Kulmiye e TV Universal, e tinha anteriormente recebido ameaças de morte pela al-Shabab.

Em Maio, o repórter da Rádio Daljir Farhan Jemiis Abdulle foi morto a tiro por dois homens em Galkayo, na Somália central.

A 1 de Agosto, o projeto de Constituição Provisória para a Somália foi aprovado pela Assembleia Nacional Constituinte em Mogadishu – um dos passos acordados entre as autoridades transitórias somalis e a comunidade internacional para terminar o período transicional no país.

A Amnistia Internacional apela às atuais e futuras autoridades da Somália para tomarem todos os passos necessários para tornar o direito à vida e o direito à liberdade de expressão e liberdade de imprensa uma realidade – direitos garantidos nesta Constituição Provisória.

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