12 Julho 2023

 

  • Na vigília estiveram presentes ativistas angolanos e foram projetadas fotografias das vítimas
  • Amnistia Internacional lançou também uma nova petição, dirigida ao Presidente angolano, João Lourenço, para que ponha um fim ao uso excessivo da força durante as manifestações em Angola 

 

A Amnistia Internacional Portugal realizou esta terça-feira, 11 de julho, uma vigília junto à Embaixada de Angola em Lisboa, pedindo justiça para as vítimas mortais das forças de segurança durante as manifestações em Angola. A acompanhar a vigília, foram projetadas as fotografias das vítimas, houve a possibilidade de escrita de mensagens de solidariedade e foi ainda programado um momento de microfone aberto para que, quem assim desejasse, pudesse fazer um pequeno discurso sobre a atual situação de direitos humanos em Angola. Além disto, a Amnistia Internacional simulou os corpos das vítimas mortais da violência policial no chão, recorrendo a giz e colocando o respetivo nome ao lado das figuras desenhadas.

Na vigília, estiveram também presentes ativistas angolanos. No mesmo dia, a secção portuguesa da Amnistia Internacional lançou uma nova petição, dirigida ao Presidente angolano, João Lourenço, para que ponha um fim ao uso excessivo da força durante as manifestações em Angola e termine com a cultura de impunidade, ordenando uma investigação urgente, exaustiva, independente e imparcial dos casos de detenções arbitrárias, tortura e morte de civis.

O objetivo da vigília e da petição é intensificar os apelos pela libertação de todas as pessoas que estão presas apenas por exercerem a sua liberdade de expressão pacífica; pela possibilidade de qualquer ativista e defensor de direitos humanos em Angola ser capaz de realizar o seu trabalho sem receio de ameaças, intimidações e detenções; e pela necessidade de investigações imparciais e independentes sobre violações de direitos humanos, como situações de tortura, maus-tratos e execuções extrajudiciais contra ativistas e dissidentes.

“É preciso que Angola se possa cumprir de facto. É da faísca do confronto de ideias que pode nascer um país melhor. E é isto que a diversidade e os direitos humanos defendem”, ressalvou Pedro A. Neto, diretor-executivo da Amnistia Internacional Portugal, durante a vigília.

“É preciso que Angola se possa cumprir de facto. É da faísca do confronto de ideias que pode nascer um país melhor”

Pedro A. Neto

“Este dia 11 de julho voltámos às ruas para que, em Angola, seja possível vislumbrar um futuro que respeite a diversidade de vozes, de opiniões e de ideias. Para que seja feita justiça às vítimas e respetivas famílias através de investigações independentes, capazes de responsabilizar os perpetradores de violência e terminar com a cultura de impunidade que, até agora, tem teimado em perdurar. Para que qualquer civil se possa manifestar pacificamente, recorrendo à sua liberdade de expressão, sem receio de posteriores represálias. Na impossibilidade de desfazer o sofrimento provocado às famílias e as violações de direitos humanos já cometidas, este é mais um momento para relembrar que a repressão e violência policial necessitam, urgentemente, de ter os dias contados em Angola”, sublinhou Paulo Fontes, diretor de campanhas da Amnistia Internacional Portugal.

“Este dia 11 de julho voltámos às ruas para que, em Angola, seja possível vislumbrar um futuro que respeite a diversidade de vozes, de opiniões e de ideias”

Paulo Fontes

A Amnistia Internacional lembra a importância dos esforços continuados e concertados para proteger os direitos humanos de todas as pessoas em Angola, destacando que o exercício do direito à liberdade de expressão e à liberdade de reunião pacífica, protegidos pela Constituição angolana e pelos tratados internacionais ratificados pelo país, não podem ser criminalizados. Ao longo dos últimos anos, a organização documentou um padrão preocupante de detenções arbitrárias, intimidação e assédio, perpetrado pelas autoridades angolanas contra pessoas que se atreveram a denunciar violações de direitos humanos, corrupção e injustiça no país. Entre março e novembro de 2020, a organização documentou dezenas de mortes às mãos das autoridades, que permanecem impunes. Apesar do abrandamento das medidas relacionadas com a COVID- 19, a violência contra os manifestantes não diminuiu. Foram registadas mais mortes entre 2021 e 2022.

No entanto, a Amnistia Internacional também celebra as pequenas vitórias, tendo congratulado a libertação do ativista Tanaice Neutro, que foi injustamente acusado de vários crimes por recorrer à música para se expressar de forma pacífica sobre questões sociais como pobreza, desigualdade, corrupção e má governação.

 

Algumas fotografias da vigília:

Nomes das vítimas mortais da violência policial em Angola e a simulação dos seus corpos no chão, desenhada a giz

 

Mensagens de solidariedade da Amnistia Internacional

Projeção das fotografias e idades das vítimas

 

Nomes das vítimas mortais da violência policial em Angola e a simulação dos seus corpos no chão, desenhada a giz

 

O desenho das vítimas mortais e as velas no chão
Agir Agora

Justiça para as vítimas das forças de segurança durante as manifestações

Justiça para as vítimas das forças de segurança durante as manifestações

O direito à liberdade de expressão e reunião pacífica estão seriamente ameaçados em Angola.

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